segunda-feira, 22 de junho de 2015

REDUÇÃO E DIFICULDADE AO CRÉDITO RURAL EMPURRARAM PARA BAIXO PREÇO DO ARROZ

Participantes do Conexão Rural do último sábado avaliaram a comercialização da safra deste ano   


A edição do último sábado (20/6) do programa Conexão Rural recebeu o presidente da Associação dos Arrozeiros de Camaquã, Celso Bartz, e o vice-presidente da Federarroz, Daire Coutinho. Os convidados debateram as causas que levaram ao atual cenário de preços baixos do cereal e também deram suas impressões sobre o Rice, Marketing, Technology Convention 2015, evento voltado ao arroz, realizado em Cancún, México, no qual ambos participaram. O Programa também trouxe outros dois temas: Mormo eqüino e suplementação mineral bovina.

 Sobre a decepcionante cotação do arroz gaúcho deste ano até aqui, com algumas regiões  comercializando o produto em até R$ 32,00, tanto Celso Bartz quanto Daire Coutinho foram taxativos ao afirmar que encabeça a lista das causas a redução drástica do crédito rural deste ano, bem como as dificuldades ao seu acesso. Isso, de acordo com suas visões, impediu que produtores de todas as culturas, mas especialmente os de arroz, se capitalizassem na hora do maior fluxo de venda da safra e por consequência, valorizassem melhor o seu produto. O mesmo aconteceu com as indústrias, cuja baixa liquidez por conta do longo atraso da liberação dos EGFs (Empréstimo do Governo federal), também foram forçadas a barganhar mais na hora de negociar. “Em 2014, antes de pagar a primeira parcela do custeio anterior, já se tinha a liberação do pré-custeio da safra seguinte, o que irrigou o mercado, mantendo os preços em patamares satisfatórios”, lembrou Coutinho.  

Associada ao pouco volume de crédito esteve, segundo o vice-presidente da Federarroz, uma abundância significativa da oferta do grão no Estado, bem acima das previsões iniciais, que davam conta que haveria uma redução por conta do plantio tardio das lavouras gaúchas. Além disso, para Coutinho, o grande volume mundial de estoques ajudaram a provocar o panorama de preços achatados dos últimos quarenta dias.
Para Celso Bartz, a situação poderá começar a ser revertida na semana que começa, com as instituições bancárias que trabalham com crédito rural melhor orientadas para negociar com os produtores a prorrogação das parcelas do custeio e facilitando o acesso dos produtores aos financiamentos autorizados pelo Plano Safra deste ano, cujas linhas deverão ficar mais claras com a vinda da ministra Kátia Abreu, agendada para esta segunda-feira (22) ao RS. “É urgente a necessidade disso começar a ser revertido, pois neste momento a situação é delicada”, pontuou Bartz ao dar como exemplo a compra de insumos para o próximo plantio que está toda atrasada.

Visão mundial e novos produtos

Em relação ao Rice, Marketing, Technology Convention 2015, os participantes do Conexão Rural de sábado destacaram alguns aspectos do evento, o qual eles participaram juntamente com José Carlos Gross, vice-presidente da Associação dos Arrozeiros de Camaquã. A participação do economista Tiago Barata, do Irga, na convenção, mereceu elogio dos camaqüenses, assim como o painel apresentado por Sérgio Mollinari no evento, que teve figuras importantes do meio orízicola palestrando, como Denis Deloter e Boby Papanos.  

Dois pontos da apresentação de Papanos foram sublinhados por Bartz: quando ele falou sobre os altos estoques do cereal na Ásia, que encontra-se, segundo Papanos, em sua maioria  deteriorado, mas que acabou afetando o mercado, e o baixo aumento do consumo do arroz no mundo. Enquanto o trigo teve um acréscimo de 168% no seu consumo entre 2000 e 2010, o uso do arroz como alimento se dilatou em apenas 18%.  

A painel como o chefe de pesquisas da Universidade de Louisana da área de arroz, Steve Linscombe. O professor americano falou sobre a nova geração de herbicidas de controle do arroz vermelho, bem como no combate às daninhas já resistentes aos herbicidas que vêm sendo usados. Esses produtos, detalhados por Linscombe, já estão sendo desenvolvidos pela Rice Tec e pela Basf e já se encontram em fase de registro nos EUA.  

Outro produto  anunciado por Linscombe é um fungicida que está sendo lançado pela Syngenta, de combate à Rhizoctonia, doença desconhecida pelo produtores até pouco tempo, mas que tem causado perdas. O registro do produto já está em fase de encaminhamento de registro no Brasil.  

Mormo e suplementação mineral bovina

Outra pauta do Conexão de sábado foi o Mormo, doença infecto-contagiosa que vem preocupando os criadores de eqüinos. Sobre o mormo falaram o médico veterinário Carlos Oliveira e o presidente do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Camaquã, Roberto Crespo. Carlos Oliveira, o Teteco, explicou a origem e deu detalhes da doença, pouco familiar aos gaúchos. Já Roberto diz que entre os criadores a postura é de cautela – principalmente em relação ao trânsito dos cavalos. Ambos buscaram alertar os criadores sobre a importância de se o criador estar ainda mais atento aos planteis.

Também no programa falou o zootecnista Tiago Carvalho, da Brasão do Pampa, empresa de São Gabriel que tem seus produtos comercializados na região. Tiago, que palestrou a criadores de Camaquã a convite da MB2 Agronegócios, na quarta-feira (17), na entrevista dada ao CR falou sobre necessidade e resultados da suplementação alimentar bovina. “São produtos que já vêm sendo desenvidos há horas, com pesquisas e mais pesquisas; tudo para garantir qualidade e consequente rentabilidade aos criadores”


“O momento de incremento da produtividade da pecuária de corte e se dispõem de ferramentas apropriadas a situação e época”, disse Tiago ao comentar que o pasto continua a principal fonte de nutrição bovina, mas que pode perfeitamente ser potencializada com um balanço energético-proteíco a fim de incrementar o ganho de peso diário, dar um rendimento melhor de carcaça e oferecer uma melhor qualidade da carne.  

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