O programa
Conexão Rural, no ar aos sábados à 7h, pela Meridional FM, foi realizado em sua
mais recente edição do município de Tapes. No Sindicato Rural do município, os
convidados debaterem o atual momento do setor arrozeiro, apontaram problemas
que impedem um maior crescimento e apresentaram sugestões, que nas suas
avaliações, poderiam fortalecer a cadeia produtiva.
A transmissão
ao vivo de Tapes, retransmitido em tempo real pela Rádio Tapense, além de debater
o setor, teve também por razão mobilizar o público para 25ª Abertura Oficial da
Colheita do Arroz, que ocorre no mesmo local a partir da próxima quinta-feira,
5 de fevereiro e se encerra no sábado, 7, dia em que acontece nova edição do CR
do mesmo local. É esperado para a abertura um público superior a 10 mil
pessoas.
A mesa de debates foi
formada pelo prefeito de Tapes, Silvio Rafaeli, por Juarez Petry, presidente do
Sindicato Rural de Tapes, pelo presidente da Associação dos Arrozeiros de
Camaquã, Celso Bartz, pelo vice-presidente da Região Costeira Interna da
Federarroz, José Carlos Gross, pelo diretor da Rádio Tapense, Enon Cardoso,
pela secretária executiva da Federarroz, Cintia Fragoso Ramos e pelo secretário
do Sindicato Rural de Tapes, Daniel Salati.
O que eles
falaram:
Silvio Rafaeli
O prefeito de Tapes chamou atenção para um problema,
que na sua ótica, é potencialmente preocupante: a crescente desproporcionalidade
do número de trabalhadores rurais e urbanos. Para Rafaeli é urgente a
necessidade de se trabalhar mais pela permanência do jovem no campo. O êxodo
rural, na visão do prefeito, também produtor, se reflete no dia a dia da propriedade
– da sua operação à segurança.
Sobre o evento desta semana, destacou:
“Apesar dos preços estáveis e satisfatórios, inevitavelmente
o alto e crescente custo de produção da lavoura estará na pauta desta abertura,
a qual nos orgulhamos muito de recebê-la. O ano pós-eleição já é complicado por
si, com a economia fragilizada então, as incertezas são bem maiores”
Juarez Petry
O dirigente e produtor de arroz falou que a produção
brasileira, auto-suficiente, precisa se consolidar no mercado externo. “É verdade que já alcançamos um padrão de
produtividade invejável, com algumas lavouras chegando a até 10 mil t/ha, mas
precisamos mais”.
“A CDO (taxa de Cooperação e Defesa da
Orizicultura), por exemplo, paga pelos produtores pode sim ser melhor
retornável aos produtores. Pode se dizer que o trabalho do Irga (que recolhe a
taxa) é satisfatório, mas pode ser bem melhor no que se refere à tecnologia e
ações em prol da lavoura, que permitam que o Estado chegue, por exemplo, a uma
meta de produção maior. Por quê não podemos chegar a uma safra de 9, 5 milhões
de toneladas? Podemos, sim, e devemos, mas para isso precisamos ter esse
respaldo”.
Celso Bartz
O presidente da Associação dos Arrozeiros de Camaquã defendeu a
importância de os produtores estarem compactados e comungando das mesmas
aspirações. Para isso, disse ele, ao conclamar colegas produtores para se
filiarem: “É fundamental que nossas
associações sejam fortes”.
Sobre o futuro da produção, Bartz defendeu a qualificação
da mão de obra: “Puxando a brasa para o
nosso assado, quero dizer que desde julho do ano passado temos intensificando o
projeto que visa à intensificação de cursos. Pode parecer pouco, mas em 2014, nossa
associação, em parceria com a Secretaria Municipal da Agricultura de Camaquã,
Senar e Sindicato Rural, já formou mais
de 100 trabalhadores nos cursos. Este ano já realizamos cursos de sacadorista,
de regulagem de colheitadeiras, de tratorista e de NR33 (espaço confinado e
altura). E temos outros vários agendados. Essa é uma ação que temos a convicção
que incentiva o trabalhador rural a permanecer na sua atividade”
José Carlos Gross
O vice-presidente
da Planície Costeira Interna da Federarroz apontou para a necessidade de uma
maior organização logística e política do setor. Ele fez uma comparação com a
cadeia americana do arroz, que possui representantes nas esferas políticas e
públicas americanas e em diversos países. Gross citou o exemplo de técnicos
americanos que fazem campanha pró-consumo do arroz nas escolas mexicanas. O
resultado final disso, disse, é que a venda do cereal para o país vizinho
cresceu absurdamente nos últimos anos.
Gross deu também um exemplo desta falta de organização: “Há uns dois anos atrás, tivemos um navio carregado
de arroz gaúcho, que foi para exportação, trancado na Nicarágua, por falta de liberação
fitossanitária. Tivemos que sair aqui do estado e ir até Brasília para resolver
o impasse. Se tivéssemos alguém com livre trânsito no DF, teríamos menos gasto
e ganharíamos tempo”.
Enon Cardoso
O radialista, que tem no currículo a cobertura de
diversas aberturas da colheita, eventos e protestos da classe, foi categórico
ao definir a realidade do setor em épocas distintas:
“São momentos diferentes,
que pontuam a realidade: “Um antes e outro depois de Mendes Ribeiro (ex-ministro
da Agricultura); outros antes e depois do Te mexe Arrozeiro (movimento criado
em 2011 por produtores que culminou com o bloqueio da Ponte Internacional
Brasil-Argentina. Mendes deu tranquilidade aos produtores com relação aos
preços. Já o Te Mexe Arrozeiro, foi uma mobilização que partiu da base, com as
entidades defensoras da classe, num primeiro momento, se omitindo por puro medo
de represálias do setor político-público. E posso garantir que, hoje, nem as entidades,
tampouco os próprios arrozeiros querem um movimento destes de volta”.
Cíntia Fragoso
“Abertura da
Colheita é um evento técnico. É para geração de conhecimento, com informação
qualificada, numa iniciativa voltada exclusivamente aos arrozeiros. É uma ampla
programação para quinta e sexta-feira, com palestras de profissionais
conhecedores da área do Brasil e do exterior. No sábado, é o grande momento
político-institucional, com presença de lideranças natas do setor. E até o
momento, temos inclusive confirmada a presença da ministra da Agricultura Kátia
Abreu conosco. Para o evento, isso seria extremamente significativo.
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