segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Faltando uma semana para abertura oficial da Colheita, arroz foi o tema do Conexão Rural


O programa Conexão Rural, no ar aos sábados à 7h, pela Meridional FM, foi realizado em sua mais recente edição do município de Tapes. No Sindicato Rural do município, os convidados debaterem o atual momento do setor arrozeiro, apontaram problemas que impedem um maior crescimento e apresentaram sugestões, que nas suas avaliações, poderiam fortalecer a cadeia produtiva.

A transmissão ao vivo de Tapes, retransmitido em tempo real pela Rádio Tapense, além de debater o setor, teve também por razão mobilizar o público para 25ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que ocorre no mesmo local a partir da próxima quinta-feira, 5 de fevereiro e se encerra no sábado, 7, dia em que acontece nova edição do CR do mesmo local. É esperado para a abertura um público superior a 10 mil pessoas.  
A mesa de debates foi formada pelo prefeito de Tapes, Silvio Rafaeli, por Juarez Petry, presidente do Sindicato Rural de Tapes, pelo presidente da Associação dos Arrozeiros de Camaquã, Celso Bartz, pelo vice-presidente da Região Costeira Interna da Federarroz, José Carlos Gross, pelo diretor da Rádio Tapense, Enon Cardoso, pela secretária executiva da Federarroz, Cintia Fragoso Ramos e pelo secretário do Sindicato Rural de Tapes, Daniel Salati. 

O que eles falaram:

Silvio Rafaeli  
O prefeito de Tapes chamou atenção para um problema, que na sua ótica, é potencialmente preocupante: a crescente desproporcionalidade do número de trabalhadores rurais e urbanos. Para Rafaeli é urgente a necessidade de se trabalhar mais pela permanência do jovem no campo. O êxodo rural, na visão do prefeito, também produtor, se reflete no dia a dia da propriedade – da sua operação à segurança.
Sobre o evento desta semana, destacou:
 “Apesar dos preços estáveis e satisfatórios, inevitavelmente o alto e crescente custo de produção da lavoura estará na pauta desta abertura, a qual nos orgulhamos muito de recebê-la. O ano pós-eleição já é complicado por si, com a economia fragilizada então, as incertezas são bem maiores”  

Juarez Petry
O dirigente e produtor de arroz falou que a produção brasileira, auto-suficiente, precisa se consolidar no mercado externo. “É verdade que já alcançamos um padrão de produtividade invejável, com algumas lavouras chegando a até 10 mil t/ha, mas precisamos mais”.
 “A CDO (taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura), por exemplo, paga pelos produtores pode sim ser melhor retornável aos produtores. Pode se dizer que o trabalho do Irga (que recolhe a taxa) é satisfatório, mas pode ser bem melhor no que se refere à tecnologia e ações em prol da lavoura, que permitam que o Estado chegue, por exemplo, a uma meta de produção maior. Por quê não podemos chegar a uma safra de 9, 5 milhões de toneladas? Podemos, sim, e devemos, mas para isso precisamos ter esse respaldo”.  

Celso Bartz
 O presidente da Associação dos Arrozeiros de Camaquã defendeu a importância de os produtores estarem compactados e comungando das mesmas aspirações. Para isso, disse ele, ao conclamar colegas produtores para se filiarem: “É fundamental que nossas associações sejam fortes”.

Sobre o futuro da produção, Bartz defendeu a qualificação da mão de obra: “Puxando a brasa para o nosso assado, quero dizer que desde julho do ano passado temos intensificando o projeto que visa à intensificação de cursos. Pode parecer pouco, mas em 2014, nossa associação, em parceria com a Secretaria Municipal da Agricultura de Camaquã, Senar e Sindicato Rural, já formou  mais de 100 trabalhadores nos cursos. Este ano já realizamos cursos de sacadorista, de regulagem de colheitadeiras, de tratorista e de NR33 (espaço confinado e altura). E temos outros vários agendados. Essa é uma ação que temos a convicção que incentiva o trabalhador rural a permanecer na sua atividade”

José Carlos Gross
O vice-presidente da Planície Costeira Interna da Federarroz apontou para a necessidade de uma maior organização logística e política do setor. Ele fez uma comparação com a cadeia americana do arroz, que possui representantes nas esferas políticas e públicas americanas e em diversos países. Gross citou o exemplo de técnicos americanos que fazem campanha pró-consumo do arroz nas escolas mexicanas. O resultado final disso, disse, é que a venda do cereal para o país vizinho cresceu absurdamente nos últimos anos.

Gross deu também um exemplo desta falta de organização: “Há uns dois anos atrás, tivemos um navio carregado de arroz gaúcho, que foi para exportação, trancado na Nicarágua, por falta de liberação fitossanitária. Tivemos que sair aqui do estado e ir até Brasília para resolver o impasse. Se tivéssemos alguém com livre trânsito no DF, teríamos menos gasto e ganharíamos tempo”.

 Enon Cardoso
O radialista, que tem no currículo a cobertura de diversas aberturas da colheita, eventos e protestos da classe, foi categórico ao definir a realidade do setor em épocas distintas:
“São momentos diferentes, que pontuam a realidade: “Um antes e outro depois de Mendes Ribeiro (ex-ministro da Agricultura); outros antes e depois do Te mexe Arrozeiro (movimento criado em 2011 por produtores que culminou com o bloqueio da Ponte Internacional Brasil-Argentina. Mendes deu tranquilidade aos produtores com relação aos preços. Já o Te Mexe Arrozeiro, foi uma mobilização que partiu da base, com as entidades defensoras da classe, num primeiro momento, se omitindo por puro medo de represálias do setor político-público. E posso garantir que, hoje, nem as entidades, tampouco os próprios arrozeiros querem um movimento destes de volta”.

Cíntia Fragoso


“Abertura da Colheita é um evento técnico. É para geração de conhecimento, com informação qualificada, numa iniciativa voltada exclusivamente aos arrozeiros. É uma ampla programação para quinta e sexta-feira, com palestras de profissionais conhecedores da área do Brasil e do exterior. No sábado, é o grande momento político-institucional, com presença de lideranças natas do setor. E até o momento, temos inclusive confirmada a presença da ministra da Agricultura Kátia Abreu conosco. Para o evento, isso seria extremamente significativo.     

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