sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Cinto de segurança e responsabilidade"

* Por Marcus Vinícius Vieira de Almeida

Há 12 anos o Brasil presenciou uma verdadeira transformação cultural: o uso do cinto de segurança se tornou obrigatório. Mudanças desse tipo requerem tempo e, eventualmente, enfrentam resistências por parte da população. Quando a aceitação é consolidada, os resultados práticos começam a aparecer. Nesse caso, significou a preservação da integridade e, sobretudo, da vida de um grande número de pessoas.

O cinto é indispensável para a garantia da segurança dos ocupantes de um automóvel. Ele impede que, em caso de colisão, o corpo seja jogado contra o volante, painel e pára-brisas ou até arremessado para fora do carro. Entre as causas mais frequentes de acidentes de trânsito, estão três fatores: ingestão de bebidas alcoólicas, más condições das rodovias e excesso de velocidade. Essas práticas, aliadas à negligência quanto ao uso do cinto, têm potencial devastador. A propósito: sem ele, segundo os especialistas, as chances de lesões em um acidente são quatro vezes maiores.

Porém, em pesquisa realizada recentemente pela Famurs, descobriu-se que o item ainda não é utilizado em algumas situações. As respostas mostram que os órgãos de trânsito, apoiados na legislação, têm cumprido seu papel de conscientizar os cidadãos sobre a importância do dispositivo. Com base nisso, os condutores e passageiros normalmente respeitam a lei. Entretanto, é corrente a falta do uso do equipamento em pequenos percursos – apenas 64% dos entrevistados afirmam utilizá-lo. E, apesar de inesperado, o índice de acidentes nessa situação é bastante alto.

Outro dado preocupante refere-se às pessoas – adultos e crianças – transportadas no banco traseiro. Somente 46% deles usam o dispositivo quando trafegam nas rodovias, 40% nas vias municipais e 32% em trajetos curtos. Como fator agravante, a pesquisa constatou também que a fiscalização não tem sido eficiente. Desta forma, é pequena a ocorrência de autuação aos que infringem a lei, fortalecendo ainda mais o ciclo da impunidade.

Entre os pesquisados, 83% revelam que continuariam usando o cinto mesmo se ele não fosse mais obrigatório. Tal postura em 1997, ano de sanção da lei, era inimaginável. Ou seja: houve de fato uma conscientização da população sobre os benefícios do equipamento. No entanto, a comemoração dos resultados já obtidos não pode dar margem à estagnação. Como mostra o levantamento da Famurs, ainda temos muito a avançar. E esse avanço só ocorrerá com a consciência de que o uso irrestrito do cinto de segurança é, acima de tudo, uma demonstração de responsabilidade e respeito à vida.


* Presidente da FAMURS e Prefeito de Sentinela do Sul

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