Uma
tempestade de pedras com duração média de 30 minutos por onde passou deixou um
rastro de estragos, na madrugada desta sexta-feira (17) em vários pontos do
município. A chuva de granizo teve sua ocorrência pouco depois das 2h,
deixando, de acordo com dados preliminares da Defesa Civil municipal e das secretarias
dos Transportes, Infraestrutura, de Agricultura, Trabalho e Desenvolvimento Social,
150 casas com suas coberturas danificadas - parcial ou totalmente.
Entre os
locais com concentração de moradores mais atingidos estão o núcleo 2 do Banhado
do Colégio e Capão do Café. Existem informações também que as pedras atingiram
casas de bairros de Camaquã. Na parte alta da cidade, a localidade de Passo do
Medina foi também intensamente afetada, assim como outras localidades – como a de
Santa Auta e cercanias. Números divulgados, na manhã de sexta-feira, pelo setor
de mutualidade da Afubra, que lida com seguros das lavouras de fumo, cerca de
350 propriedades rurais tiveram ocorrência do fenômeno. Dependendo do estágio
das plantas, as perdas foram totais.
Uma reunião
de emergência foi convocada pelo prefeito João Carlos, às 7h de sexta. Nela, os
secretários ficaram incumbidos de levantar os números dos estragos e levar as
primeiras ajudas aos atingidos. Enquanto os secretários dos Transportes, Paulo
dos Santos e da Agricultura, Zeca Dorneles e suas equipes se dirigiram à parte
alta do interior, o secretário da Infraestrutura, José Adolfo Castro, visitou o
Banhado do Colégio. Já a secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social, Josiane
Longaray esteve no Capão do Café. O
secretário especial de governo e coordenador da Defesa Civil de Camaquã Deoclécio
Giongo fez o monitoramente geral das perdas, reunindo o levantamento das
demandas gerais. Aos mais necessitados,
lonas e roupas foram providenciadas. Aos moradores de baixa renda telhas seriam
enviadas a partir da tarde de sexta-feira. O prefeito também autorizou a
elaboração de um decreto que oficializa a Situação de Emergência no município.
“Temos que
agir rápido, pois em situações como esta não se pode perder tempo”, disse o
prefeito ao orientar um auxiliar que iria a uma das localidades afetadas. À tarde,
um pouco mais aliviado por as pessoas já estarem sendo atendidas, João Carlos lamentou:
“É o tipo de coisa que torcemos sempre para nunca acontecer, mas quando acontece
a resposta tem de ser imediata; o governo
precisa estender a mão”, disse João Carlos ao ressaltar a agilidades dos
secretários e servidores que se envolveram com o assunto.
As perdas
foram acompanhadas por susto e medo. A funcionária pública Cilene Tyska contou
que se acordou às 2h15min, com o intenso barulho das pedras que durou cerca de
15 minutos. “Quando terminou, o gramado ficou branco, com pedras do tamanho de
um ovo de galinha. Foi horrível”, lembrou Cilene, cuja primeira medida tomada foi
a de proteger os filhos. As telhas de amianto da casa, com espessura de 5 milímetros,
ficaram todas furadas. Também morador do
núcleo 2 do Banhado do Colégio, Alceu Corrêa se disse impressionado: “Nos meus
mais de 60 anos de vida eu nunca tinha visto algo igual e olha que já vi muito
granizo”, contou Alceu que até o meio dia de sexta-feira não havia dormido desde
que a chuva de pedras danificou toda a cobertura da sua casa e das de parentes.
Pedras atravessaram telhas e forro
O cenário
na vila pela manhã era de movimentação, com veículos trazendo material e lonas
sendo improvisadas pelos moradores por sobre as telhas furadas. Mesma situação
era vista no Capão do Café, localidade que se situa entre a BR-116 a estrada do
Cordeiro. Em toda a extensão da via que corta a vila, se viam lonas pretas cobrindo
as casas e moradores fazendo limpeza ou secando eletrodomésticos e móveis. A
casa do aposentado Dolário Bauer foi uma das mais castigadas, com as pedras
furando as telhas de 6 mm e o forro de PVC. O reparo incluía a compra de 62
telhas. Parte delas ele já havia encomendado pela manhã, de uma loja de materiais
de construção de Camaquã. Com 71 anos, Dolário mora sozinho e há pouco tinha conseguido
concluir a construção de uma varanda anexa à casa, que depois da tempestade, ficou
a céu aberto.
Alex Soares
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