sábado, 18 de outubro de 2014

Chuva de granizo castiga interior de Camaquã

Uma tempestade de pedras com duração média de 30 minutos por onde passou deixou um rastro de estragos, na madrugada desta sexta-feira (17) em vários pontos do município. A chuva de granizo teve sua ocorrência pouco depois das 2h, deixando, de acordo com dados preliminares da Defesa Civil municipal e das secretarias dos Transportes, Infraestrutura, de Agricultura, Trabalho e Desenvolvimento Social, 150 casas com suas coberturas danificadas - parcial ou totalmente.

 Entre os locais com concentração de moradores mais atingidos estão o núcleo 2 do Banhado do Colégio e Capão do Café. Existem informações também que as pedras atingiram casas de bairros de Camaquã. Na parte alta da cidade, a localidade de Passo do Medina foi também intensamente afetada, assim como outras localidades – como a de Santa Auta e cercanias. Números divulgados, na manhã de sexta-feira, pelo setor de mutualidade da Afubra, que lida com seguros das lavouras de fumo, cerca de 350 propriedades rurais tiveram ocorrência do fenômeno. Dependendo do estágio das plantas, as perdas foram totais.

Uma reunião de emergência foi convocada pelo prefeito João Carlos, às 7h de sexta. Nela, os secretários ficaram incumbidos de levantar os números dos estragos e levar as primeiras ajudas aos atingidos. Enquanto os secretários dos Transportes, Paulo dos Santos e da Agricultura, Zeca Dorneles e suas equipes se dirigiram à parte alta do interior, o secretário da Infraestrutura, José Adolfo Castro, visitou o Banhado do Colégio. Já a secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social, Josiane Longaray esteve no Capão do Café.  O secretário especial de governo e coordenador da Defesa Civil de Camaquã Deoclécio Giongo fez o monitoramente geral das perdas, reunindo o levantamento das demandas gerais.  Aos mais necessitados, lonas e roupas foram providenciadas. Aos moradores de baixa renda telhas seriam enviadas a partir da tarde de sexta-feira. O prefeito também autorizou a elaboração de um decreto que oficializa a Situação de Emergência no município.
“Temos que agir rápido, pois em situações como esta não se pode perder tempo”, disse o prefeito ao orientar um auxiliar que iria a uma das localidades afetadas. À tarde, um pouco mais aliviado por as pessoas já estarem sendo atendidas, João Carlos lamentou: “É o tipo de coisa que torcemos sempre para nunca acontecer, mas quando acontece a resposta tem de ser imediata;  o governo precisa estender a mão”, disse João Carlos ao ressaltar a agilidades dos secretários e servidores que se envolveram com o assunto.

As perdas foram acompanhadas por susto e medo. A funcionária pública Cilene Tyska contou que se acordou às 2h15min, com o intenso barulho das pedras que durou cerca de 15 minutos. “Quando terminou, o gramado ficou branco, com pedras do tamanho de um ovo de galinha. Foi horrível”, lembrou Cilene, cuja primeira medida tomada foi a de proteger os filhos. As telhas de amianto da casa, com espessura de 5 milímetros, ficaram todas  furadas. Também morador do núcleo 2 do Banhado do Colégio, Alceu Corrêa se disse impressionado: “Nos meus mais de 60 anos de vida eu nunca tinha visto algo igual e olha que já vi muito granizo”, contou Alceu que até o meio dia de sexta-feira não havia dormido desde que a chuva de pedras danificou toda a cobertura da sua casa e das de parentes.

Pedras atravessaram telhas e forro
O cenário na vila pela manhã era de movimentação, com veículos trazendo material e lonas sendo improvisadas pelos moradores por sobre as telhas furadas. Mesma situação era vista no Capão do Café, localidade que se situa entre a BR-116 a estrada do Cordeiro. Em toda a extensão da via que corta a vila, se viam lonas pretas cobrindo as casas e moradores fazendo limpeza ou secando eletrodomésticos e móveis. A casa do aposentado Dolário Bauer foi uma das mais castigadas, com as pedras furando as telhas de 6 mm e o forro de PVC. O reparo incluía a compra de 62 telhas. Parte delas ele já havia encomendado pela manhã, de uma loja de materiais de construção de Camaquã. Com 71 anos, Dolário mora sozinho e há pouco tinha conseguido concluir a construção de uma varanda anexa à casa, que depois da tempestade, ficou a céu aberto.     


Alex Soares          

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