sexta-feira, 17 de maio de 2013

A leitura para a educação


                                                    
                                                  
Por Romério Gaspar Scharmmel *
                                                    
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Por vezes, tenho a sensação de que a escola tradicional tem dificuldade de encontrar o novo. Persegue o velho, faz reengenharias, insiste na disciplina, muda as apostilas, constrói novos espaços, sobe um degrau na tecnologia, mas quanto ao pedagógico, para de fato encontrar um novo caminho, está com sérias dificuldades. É preciso olhar a escola de fora para dentro, e há coisas sérias acontecendo em nossa sociedade. Uma sociedade para a qual a escola precisa se reinventar, readquirir significado.

A RBS lançou um projeto para incentivar a leitura. Há uma tendência de empresas entrarem no que antes parecia espaço exclusivo da escola. Na Coreia do Sul, a grande maioria das universidades pertence a empresas como Hyundai, Daewoo e Korean Air. Educar deixa de ser exclusividade da escola. Os lares passam a ser centros vitais de aprendizagem, de trabalho e entretenimento. Este impacto transformará nossas escolas, nossas empresas, nossas cidades e o nosso conceito de trabalho. Já não é pequeno o número de pais que querem assumir a educação de seus filhos.

A educação escolar confere conhecimento do mesmo modo que uma fábrica eficaz instala peças de uma linha de montagem. O que deve ser aprendido é pré-embalado em planos de lições, palestras e manuais. O aluno só precisa se empenhar com a memória. Em muitas empresas, a necessidade educacional é para o raciocínio criativo e habilidades conceituais, arriscar-se, experimentar, além de uma abertura para mudança e oportunidade. Quanto disso é ensinado na escola? Na escola passamos milhares de horas estudando matemática, português, ciências, geografia, história... Pergunto: quantas horas passamos aprendendo como funciona a nossa memória, como funcionam nossos olhos? Quantas horas aprendendo como aprender? Como funciona nosso cérebro? Quantas horas aprendemos sobre a natureza do nosso pensamento e como ele afeta o nosso corpo? Resposta: nenhuma. A escola não ensina como usar a nossa cabeça, que é a nossa ferramenta principal, nossa ferramenta mais valiosa na escola.

Compreender a importância da leitura faz enxergar oportunidades que mudarão não apenas a aparência do governo e da indústria, mas a própria natureza do mundo em que vivemos e a própria natureza dos sistemas educacional e de aprendizagem que nos prepararão para o futuro. Os avanços educacionais dependem de novos métodos de educação e de aprendizagem. Ninguém pensaria hoje em acender uma fogueira esfregando dois gravetos, mas muito do que acontece na educação baseia-se em conceitos ultrapassados. “O mundo em que nossos filhos viverão mudará quatro vezes mais rápido do que nossas escolas”, afirma o Dr. Willard Gaggett. As escolas não podem atender a essas necessidades por duas razões: não possuem a capacidade e grande parte do que nelas se ensina é irrelevante.

Charles Handy, em The Age of Unreason, declara que o ritmo esmagador das mudanças demanda “repensar completamente a maneira de aprender”. A educação já não tem idade, como não tem espaço determinado, ou seja, não começa na escola e não termina com a escola. Para que a nova educação tenha espaço é preciso saber ler.

*PROFESSOR

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