quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Correção de rota

Assim como nos desastres aéreos, campanhas eleitorais têm seus fracassos determinados pelo conjunto de várias causas. O PMDB tenta corrigir isso ainda no ar. Diante das circunstâncias do turbulento vôo, levar a campanha para o segundo turno significa pousar em segurança. Depois, é outra história.

Ontem, o coordenador da campanha, Mendes Ribeiro Filho anunciou uma “nova fase” da campanha, com mais mobilização e, acima de tudo, empenho dos interessados.

Com relação aos fatores que fizeram que o PMDB acendesse o pisca alerta eles começam necessariamente pela divisão de Dilmistas e Serristas. O que o senador Pedro Simon fez ontem - de anunciar apoio do partido à candidata do PT à Presidência – era para ter feito em maio. Nesta época, Mendes já defendia abertamente a associação das campanhas estadual e federal. Por dois motivos práticos. 1. Dilma venceria. 2. Ao dar palanque à Dilma, o PMDB esnucaria a campanha de Tarso, que ficaria sem exclusividade do apoio lulista.

O problema é que maioria não entendeu isso. Ou entendeu e se fez de morta. Alijados do núcleo decisório da campanha de Fogaça, um grupo de parlamentares da sigla ligados ao federal Eliseu Padilha decidiu avacalhar. O mesmo Padilha que pouco antes tentara tumultuar o processo de escolha do partido para o Senado, agora estava mordido com o PMDB pela indicação de Mendes para a cabeça de campanha de Fogaça.

Montou-se um circo e trouxeram Serra ao picadeiro. Tarso aplaudiu. Padilha também. Esse, aliás, poderá ter sido um dos principais fatores da perda de altitude. E nenhum vôo pode ser mesmo tranqüilo tendo terroristas a bordo.

Com PMDB sem a associação pregada por Mendes, a fisura foi exposta. Tarso Genro ganhou terreno e colou em Dilma, que ficou sem argumento para a neutralidade ou para um duplo palanque.

Soma-se a isso o perfil de José Fogaça. Essencialmente metropolitano, o probo, intelectual e pouco explosivo Fogaça precisava de um tempo para ser assimilado pelo grande público do interior – o eleitorado de fala alta e gestos largos. E ai é que Pompeo de Mattos (PDT) entrou como uma luva na vaga de vice.

A reversão do quadro dependerá necessariamente de uma guinada de postura da base – peemedebista e pedetista. É evidente demais agora, imputar ao piloto algo que ele próprio previu, caso não se seguisse a rota planejada.

Ao convidar Mendes Ribeiro para chefiar sua campanha, Fogaça tomou a decisão a partir de três premissas: idoneidade, fidelidade e articulação. Mesmo que o PMDB não venha a vencer esse pleito no RS, essas marcas continuarão indeléveis neste deputado federal. E isso, todos os grupos do partido sabem.

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