quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O preço da centralização

Assim como nos desastres de aviões, os quais, quando ocorrem, se dão por uma sucessão de motivos, está se dando o colapso do atendimento das emergências dos hospitais da Capital. Causas históricas e outras mais atuais, falta de previsibilidade e negligência administrativa do Estado estão por trás daquilo que o Sindicato Médico do RS – o Simers – classifica como “calamidade pública” essa atual crise de atendimento do sistema de saúde do estado.

Pacientes esperando por 12, 15, 20 horas para terem suas emergências atendidas, internações suspensas. Uma demanda de serviços como há muito não se via. Esse é o quadro da saúde na Capital, que pode se dizer, é a do estado neste momento.

Por que do Estado? Porque pelo menos a metade do atendimento dos hospitais de Porto Alegre é feitas a pacientes das cidades da região metropolitana e do interior. Ao não investir nas casas de saúde do interior como deveriam, os sucessivos governos que passaram pelo Estado e pelo Planalto provocaram essas caravanas diárias de gente em busca de atendimento fora de suas cidades. Hospitais quebrados no interior, hospitais abarrotados na Capital, sem a mínima qualidade de atendimento. Esse é quadro da saúde do Rio Grande do Sul, hoje.

E quando um sistema frágil, como é do saúde pública, qualquer onda de procura, como a que estamos observando em função da troca do clima ( e desta fuligem das queimadas), se desnuda a realidade. A falta de leitos (33% de redução) dos hospitais soma-se à greve dos 2 mil médicos residentes, que desfalcam o atendimento.

Algumas medidas emergenciais foram tomadas, ontem, pelo Ministério público e lideranças da saúde. Mas elas são apenas paliativas. Enquanto o Estado não começar a valorizar (e investir) de verdade a importância do bom funcionamento das casas de saúde do Interior e assim, descentralizar o atendimento, caravanas de ônibus carregando multidões de pacientes cruzarão diariamente as estradas do Estado, desembocando na Capital, provocando isso que estamos vivenciando agora: um verdadeiro colapso do sistema de atendimento.

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