segunda-feira, 31 de maio de 2010

Perdas e ganhos do Salão do Turismo

Final do 5º Salão Nacional do Turismo, aqui em São Paulo. Daqui a pouco estou voltando para o Rio Grande. Permito-me fazer algumas considerações sobre essa mega feira, a qual acompanhei desde a última quarta-feira.

Para a Costa Doce foi absolutamente positivo o Salão. Já na tarde de sábado o material de divulgação da Região no Anhembi já estava se esgotando – o que significa dizer que o trabalho de folheteria funcionou.

Muita gente visitou o centro de eventos, fincado a mil metros do Rio Tietê e sua nervosa marginal. Assim como tudo é superlativo em São Paulo, a quantidade de público no Salão foi grandíssima. Foi muita gente. E o legal é que não são apenas profissionais do setor ou gente interessada em negócios. Não. O Salão Nacional do Turismo tem no turista 90% de seus visitantes.

É preciso investir
Na tarde de sábado conheci um casal morador aqui de São Paulo. Dona Eulália, 74, e seu Josué, 79. Ela dona de casa, ele taxista aposentado. Gostam de viajar. Na maioria das vezes através de pacotes que as agências oferecem ao pessoal da melhor idade. Josué estava orgulhoso. Aos quase oito décadas de história, fizera no inicio do ano uma viagem para o Sul. Foram até a Argentina e voltaram por Uruguaiana, onde mora uma prima da esposa. Foram e voltaram de carro. Ele dirigiu. Para os mais novatos pode parecer algo comum até. Para um homem septuagenário, esse tipo de aventura tem outro sabor.

O casal veio por Gramado, depois de visitar a parente. Perguntei a eles se já tinham ouvido falar na Costa Doce. Responderam que alguma coisa da Lagoa dos Patos. E é esse o drama e também o desafio regional do nosso turismo: tornar popular as margens da maior lagoa de água doce do país fora do Estado. É verdade que é complicado. Por dois motivos: a concorrência interna no RS é forte. E trabalhar com uma maciça divulgação paia a fora é algo caro.

Não raramente o Estadão ou a Folha de São Paulo trazem gigantestos anúncios coloridos em suas páginas standarts da Serra do Sul. E o investimento se prova, tem retorno. Eulália e Josué confirmam isso.

Tocantins deu banho no RS
Mas sobre o salão, meu compromisso com a consciência não permite ocultar algumas insatisfações. A participação do Estado do Rio Grande do Sul nele é uma delas. É lamentável a forma como o Estado tem encarado sua presença em eventos como esse. No salão, enquanto estados menores, mais pobres davam verdadeiros shows de criatividade na elaboração de seus estandes e nas promoções, o Rio Grande se limitava a um balcão em L, o qual os representantes das regiões dividiam espremidos.

E fico pensando que o Estado gasta dinheiro com tanta bobagem. Montar um espaço que enchesse um pouquinho mais os olhos dos visitantes de um evento nacional não custaria tão caro. Mas falta profissionalismo no pessoal responsável por essas ações. Mais precisamente dos servidores que atuam na respectiva secretaria estadual. Se a desculpa for a carência de recursos, qual a explicação para falta de criatividade e, principalmente, da boa vontade de fazer algo melhorzinho?

Se não possuem competência para oferecer uma imagem mais condizente com o orgulho gaúcho, que terceirizem o serviço. Seria mais bonito, além de provavelmente mais eficaz. E não foi somente neste encontro de São Paulo que a coisa se deu assim. Acompanhei similares. É sempre o mesmo esquema. A impressão é que a participação do RS se dá apenas por obrigação.

RS é melhor mesmo?
Será que é por que o pessoal da Setur compartilha daquela velha e sempre usual bobagem que os gaúchos são os melhores que o resto – e assim, consequentemente, auto-suficientes? - Tomara que não seja por isso. Pois num evento como esse, em que o Brasil está reunido e os brasileiros passam por ele, é que vemos o quão atrasados estamos. Pelo menos é essa a imagem que o empenhado time da Secretaria Estadual do Turismo tenta construir.

Oxalá que o próximo governo revise as ações deste setor. E justiça seja feita: não é hoje e tampouco nesta gestão estadual que é assim. A elaboração e a execução de uma política que busque de fato resultados no nicho turístico deveria ser prioridade para a futura administração do Rio Grande. E a primeira ação concreta a ser posta em prática deveria ser o imediato remanejamento de algumas cabeças. Sim, precisamos de cabeças oxigenadas ali no 10ª andar do Centro Administrativo.

Enquanto isso não acontece, o heróico pessoal do interior vai se virando como pode. A criatividade e a força de vontade que têm feito falta no Estado são as ferramentas diferenciais deste pessoal, ligado às agências de desenvolvimento e prefeituras. A equipe da Costa Doce é um exemplo disso.

Um comentário:

  1. Meus parabéns adorei o texto é isto mesmo oxigênio nas cabeças da SETUR. Ou quem sabe como nosso amigo como Secretário de Turismo de Estado na próxima administração.

    ResponderExcluir

Leg