terça-feira, 30 de março de 2010

A cidadania que vem da música

Por Gabriela Britto
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Jovens da periferia de Camaquã exercitam a cidadania a partir da música
Sons de violino, flauta, teclado e percussão que enchem uma sala e se expandem até a entrada do CRAS - Centro de Referência em Assistência Social Getúlio Vargas.

Assim ocorre um dos três ensaios semanais da Orquestra de Câmara Getúlio Vargas que reúne 24 jovens de 11 a 20 anos do bairro Getúlio Vargas, um bairro de baixa renda de Camaquã. O projeto nasceu em 2003 a fim de levar mais música e mais alegria à vida das pessoas e ainda construir cidadãos. É com este desejo de mudar o futuro que meninos e meninas se empenham na rotina das aulas, oficinas e ensaios.

Para Vera Farias, coordenadora do CRAS, este é um trabalho gratificante: “Antes eles ficavam ociosos, pelas esquinas. Hoje, encontraram um caminho”. Os professores além da música trabalham também auto-estima, comportamento, responsabilidade, respeito e prevenção às drogas. “Digo pra eles que eles devem servir de exemplo, ser um ser humano completo, não pela metade”.

A Orquestra é um projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal de Trabalho e Ação Social e tem como parceiro o Macam - Movimento de Assistencial de Camaquã que apóia a iniciativa. O projeto tem dado bons frutos. Em 2005, a Orquestra de Câmara Getúlio Vargas recebeu o Prêmio Cultura Gaúcha do Governo do Estado no Teatro da Ospa representando a região Centro-Sul.

Além da coordenadora, abraçaram o projeto o professor de violino e responsável pelo naipe de cordas Luis Borges, Evandro Silveira e Everton Peter responsável pelos instrumentos de sopro e percussão. Luis Borges é também coordenador e reestruturador da Orquestra de Câmara de Pelotas e afirma que o crescimento e o aprendizado dos alunos é de encher os olhos. “Eles são bastante dedicados e têm um ótimo ouvido musical”.

Os pais também são grandes incentivadores deste projeto social, uma vez que têm notado grande mudança no comportamento dos filhos. “Os pais estão maravilhados. Este é um trabalho que movimenta toda a família, incentivamos a participação na escola e nas oficinas de música. Acompanhamos o desempenho escolar e a freqüência tanto nas oficinas como na escola”, explica Vera que ajuda nos trabalhos e reforço escolar. Outros 30 alunos também participam das oficinas de música, e quando se destacam são convidados a participar da Orquestra.

A Orquestra tem realizado apresentações em diversos eventos. Só no ano passado, foram mais de 20, um número considerado alto. Inclusive eles já deram seus primeiros passos em apresentações pelo estado. Já se apresentaram em Igrejinha, Minas do Leão, Porto Alegre, Dom Feliciano, Chuvisca e Cristal. O grupo pode ser contratado até para recepções, eventos, casamentos, bodas e serenatas.

Ano passado, além da Orquestra o CRAS passou a contar também com o Coral Getúlio Vargas que dá espaço aos jovens que gostam de cantar. Para o Natal o grupo realizou um ciclo de apresentações no município e região e inclusive gravou um CD com músicas natalinas. "É um novo sonho que começou como uma sementinha e já está dando frutos", comemora Vera.

Apesar do reconhecimento o grupo enfrenta algumas dificuldades para a compra de instrumentos. “Eles estão em fase de crescimento, a roupa que antes servia uma hora fica curta e os sapatos apertados”, comenta Vera.

Quanto à parte instrumental Borges completa: “Faltam instrumentos como violas, violinos, saxofones e clarinetes”. Interessados em ajudar ou obter mais informações podem entrar em contato com Vera Farias pelo 9671-8930 ou no Centro de Referência em Assistência Social 3671-8430.

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