sexta-feira, 16 de outubro de 2009

E quando o partido é o infiél?

A perda do mandato do deputado José Sperotto (foto) é emblemática. Primeiro pela punição em função de sua “infidelidade” partidária. Outra, pelas circunstâncias políticas que o caso envolve.
O destino de Sperotto, eleito por Guaíba, é resultante de toda essa dicotomia entre favoráveis e contrários ao governo Yeda Crusius - criada tão logo ela e o seu vice passaram a se desentender.

Sperotto viveu um dilema durante estes três anos. Eleito pelo DEM, nunca escondeu o seu alinhamento com o governo tucano, o que contrariou a postura de oposição adotada pelo partido no qual foi eleito. Não foram uma nem duas votação nas quais Sperotto se posicionou ao lado do governo na Assembléia Legislativa.

Tais reciprocidades entre um deputado rebelde e um governo carente de apoio acabou definindo no mês passado a desfiliação de Sperotto do DEM. Ele agora pertence ao PTB, de Sérgio Zambiasi, senador de quem se aproximou bastante durante as articulações para a construção da nova ponte do Guaíba. O desquite com o DEM, entretanto, saiu caro para o guaibense, que por conta das novas regras que valorizam a fidelidade partidária, acabou perdendo o mandato.

A Justiça entende que o mandato agora é de Reginaldo Pujol, eleito no ano passado vereador em Porto Alegre. Ele é democrata. E interessante, ele não quer deixar sua cadeira na Câmara. Não quer trocar o certo pelo duvidoso, já que como vereador tem ainda um mandato cheio e seguro.

Talvez resida ai o primeiro caso prático de contradição desta Lei – pelo menos aqui no estado. Uma coisa é um parlamentar ou mesmo um executivo eleger-se por um partido de uma determinada ideologia e por interesses políticos ou pessoais mudar de sigla em meio ao mandato. Outra é este mesmo detentor de cargo tomar esta decisão depois de o partido inverter todo um posicionamento adotado em campanha.

E foi justamente isso que aconteceu com o DEM, que ajudou a eleger Yeda Crusius e nas primeiras semanas de gestão se tornou um dos seus principais algozes. Neste caso foi o partido que mudou. Mas a Lei generaliza e nela não há nenhuma exceção relacionada a este caso específico. Aliás, esta tumultuada relação vice-DEM-Governadora de fato é meio surreal.

Assim como Sperotto não saiu impune com a troca de partido, sua fidelidade ao governo também deverá ser premiada. O agora petebista deverá assumir em breve uma das secretarias do governo. Politicamente isso é mais do que justo. E é provável que esta secretaria seja a do Turismo, comandada pelo também petebista Heitor Goulart, grande figura, excelente secretário, mas que não possui aspirações políticas em 2010.

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