terça-feira, 12 de junho de 2012

Crônica dos namorados

Meu amigo Danilo Kuhn, músico e agora também cronista de mão cheia, me envia de São Lourenço do Sul um sugestivo texto para ser publicado, neste dia especial. 

 

Dia dos Namorados

Eu namoro teu olhar, que te denunciou desde a primeira troca de olhares; namoro o brilho dos teus olhos, que emana o amor que eu e tu vemos um no outro; namoro teus olhos fechados enquanto nos beijamos.
Eu namoro teu sorriso, e suas muitas conotações; namoro teu sorriso bobo ao me encontrares de surpresa, teu sorriso meigo enquanto trocamos carinhos, teu sorriso trêmulo diante a primeira-vez, teu sorriso tenso por ciúme ou preocupação.


Eu namoro teu corpo a entrelaçar-se ao meu; namoro tuas mãos nas minhas a guiar-me num passeio tranquilo, tua respiração na minha de tal forma que já não se distingue uma da outra, teu bater-de-coração ao meu a ditar o ritmo do amor, tua pele na minha arrepiando cada pelo.


Eu namoro nossas semelhanças; gostamos um do outro, cuidamos um do outro, torcemos um pelo outro, desejamos um ao outro, sentimos saudade um do outro, nos preocupamos um com o outro. Que falta me fazes quando estou no trabalho, lavorando pelo meu e o teu e o nosso futuro! Parece que falta um pedaço de mim quando tenho que viajar e ficamos longe... E para ti eu sei que assim também o é.


Eu também namoro nossas diferenças; feijão-com-arroz, queijo-com-goiabada, dia-e-noite, sol-e-lua, luz-e-sombra, som-e-silêncio, eu-e-você, tudo que é diferente assim o é para completar-se. Eu-e-você-Você-e-eu é o nós que nos une, o nó que nos une, nosso laço, nosso enlace, nosso elo.


É tão bom saber que não navego a sós neste mundo de águas turvas; é tão bom saber que não navego sem rumo nesse mar sem farol; é tão bom saber que não navego em vão, enfrentando a fúria das tempestades e a melancolia das águas calmas; é tão bom navegar contigo, navegar em ti, descobrir teus sete-mares, desbravar as tuas terras, encontrar o teu tesouro. Eu quero naufragar em ti!

Namorados: n’amor a dois. No amor, o ‘um’ sozinho não existe. Mesmo enquanto só, o ‘um’ ama a outro ‘um’. O ‘eu amo’ precisa de um ‘você’. O amor pressupõe o dois. N’amor a dois. Eu te namoro, tu me namoras: n’amor a dois.

EU TE AMO! Eu te namoro, e tu me namoras. Somos namorados! Somos n’amor a dois!


(Danilo Kuhn)

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