domingo, 5 de dezembro de 2010

O RJ e Camaquã

Sensacional, espetacular, cinematográfica. Sobraram adjetivos para grande imprensa comentar a operação nos morros cariocas, nas últimas semanas. Uma ação inédita que permitiu a retomada pelo Estado de áreas dominadas há décadas regidas pelo tráfico e legisladas pela arrogância da bandidagem.

Graças a uma integração inédita entre as policiais do estado, federal e as Forças Armada, aqueles que nunca deveriam ter saído da condição de heróis, foram admirados e mais do que isso, respaldados por uma população que se mostra cansada de viver sob o humor da delinquência. Sim, por alguns dias, a população não só do Rio, mas de todo o país, viu a verdadeira polícia – aquela que desejamos (numerosa e implacável) agindo. E foi com ares de final de campeonato brasileiro que se viu, ao vivo, a bandidagem se pondo a correr por uma ruela empoeirada, amedrontada, atordoada.

O fato é que as cenas mostradas para todo o Brasil não eram nunca para ter sido feitas. O Estado jamais era para ter cedido como cedeu. E a ocupação só se deu pela ineficácia, omissão, covardia e corrupção do poder oficial.

A cidade do Rio de Janeiro sempre foi o laboratório do crime no Brasil. Tudo que acontece nos morros ou prisões cariocas, meses ou anos depois se espalham território afora. Primeiro nas capitais, depois ou ao mesmo tempo até no interior.

O exemplo do Rio, mais do que nunca, também deve ser observado pelas autoridades de fora. E a lição principal é: retomar o controle é tarefa complicada.

E é por isso que deve ser saudado o anúncio feito na semana passada da disposição da Prefeitura de Camaquã em criar uma guarda municipal. Ainda em fase de pré-projeto, pouco se sabe de concreto como e com que efetivo irá funcionar. Porém, tal gesto deve ser saudado e interpretado como uma conquista. Mesmo não sendo obrigação legal do município a segurança pública, o governo municipal, chefiado por Ernesto Molon, dá uma promissora prova de sensibilidade com a realidade. E este atual cenário requer o máximo de empenho para que no futuro não tenhamos que recuperar o que hoje é nosso.

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