quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Nem Serra nem Dilma falaram comigo

A atual campanha presidencial tem de ser varrida da história. Sobrará dela, em 1º de novembro, um amontoado de entulhos. Nada se aproveitará. Será lixo irreciclável.

Faltou, antes de mais nada, respeito com a plateia. Em alguns momentos se teve a sensação clara de que os candidatos falavam com um Brasil de 1850, tamanha era a infantilização como alguns temas eram tratados.

Que ótimo momento essa gente candidata perdeu para falar sem medo do seu país. Sobraram Serra e Dilma. Protagonistas da peça, são atores tão fracos que chegaram a ser ofuscados em cena por uma figurante. Sim, o espetáculo político regrediu. E o fechamento da cortina, marcado para o último dia deste mês, acontecerá, não tenho dúvida, sob vaias e palavrões.

Tudo aquilo que não interessa ao Brasil o casal aspirante conseguiu pôr na mesa. Perdeu-se tempo demais falando das superadas privatizações. Se abusou da paciência com o débil, hipócrita e atrasado tema aborto.

Nenhum emparelhamento acirrado da disputa justifica o lamentável epílogo desta campanha. Serra e o tucanato valorizando um encostão de um objeto na careca. Dilma, se vitimizando por uma bexiga d’água lançada sobre o capô do carro que fazia campanha.

Modernização das legislações tributária e trabalhista? Reforma política? Política externa? Nada disso teve relevância na campanha eleitoral mais infantilizada da recente história brasileira. E olha que os bonequinhos de Serra tentaram superar as vassourinhas de Jânio. A mãe do Pac, o Caçador de Marajás.

De um lado, Serra, apresentado como um super-administrador, um homem capaz de quase dobrar o salário mínimo, instituir o 13º do bolsa família e erradicar os esgotos a céu aberto de todo território da ex-colônia portuguesa. De outro, Dilma, a mulher maravilha do Planalto, a braço-direito e herdeira do rei, a qual em muitos momentos parecia ser a própria mandatária.

Tudo blefe. Serra não é isso tudo. Nem Dilma é. E pela forma como se postaram, somos bem menos. Foram dois meses esperando Serra e Dilma falarem comigo. Ambos me ignoraram. E a mim, só cabe um jeito de vingar isso. É não votando em nenhum deles daqui a dois domingos, ali no Sete de Setembro. E será bem feito para eles.

Um comentário:

  1. Alex: gostei do texto, mas discordo em dois pontos:
    Eu vou votar em um deles: a Dilma e;
    Acredito que jamais se perde tempo falando das privatizações, trouceram muitos prejuizos ao Brasil.

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