terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um homem chateado


Reencontrei, na tarde desta terça-feira, o ex-secretário da Cultura do Estado, Roque Jacoby. Roque está chateado e não poderia ser diferente. No final do mês passado, a mídia revelou uma irregularidade apontada em sua gestão, quando este liberou dinheiro além do autorizado pela LIC (Lei de Incentivo à Cultura) para as obras do Multipalco do Theatro São Pedro.

Jacoby está chateado por ser correto. Acompanhei um pouco do trabalho deste empresário, durante sua gestão no governo Germano Rigotto (PMDB). Ele ainda era tucano (agora é do DEM)e me recordo que todas as respostas que precisei de sua secretaria foram dadas por ele próprio. As minhas e de outros tantos. Exemplo: estourada no Brasil a minissérie A Casa das Sete Mulheres, me chegou a informação que a casa de Bento Gonçalves, mantida pela prefeitura e pelo Estado, em Cristal, ficava fechada nos finais de semana. E isso era frustrante à curiosidade de muitos que queriam conhecer o local, embalados pelo sucesso da produção da Rede Globo. Fui lá, fiz algumas fotos das porteira fechadas. Depois, as coloquei em meu site. Dois dias depois, Jacoby e assessores foram à Camaquã, onde conversamos. Depois, o grupo foi para Cristal. No final de semana posterior, as portas do local passaram a ficar abertas todos os dias.

Para a Secretaria de Cultura, Jacoby carregou seu estilo de empresário, cimentado na eficiência. Por isso a casa em Cristal foi reaberta tão rapidamente. E foi também por essa fome de ver as coisas acontecerem que valores foram liberados para execução das obras do Multipalco. A lembrar, ele assinou R$ 2,3 milhões além do autorizado pela LIC (Lei de Incentivo à Cultura) sob a justificativa de que se assim não agisse, as obras parariam.

Eu acredito em Roque Jacoby e tenho certeza que se algo saiu errado, foi isento de qualquer aspiração que não fosse a da promoção pública. Assim como acredito que haverá uma época na qual fique bem grifado pela grande mídia o que são irregularidades públicas cometidas por má-fé e as que não são. Sim, existe uma grande diferença.

Enquanto representantes públicos-partidários continuarem alimentando, sem pudor, o sensacionalismo imediato que a engrenagem do denuncismo midiático produz, nomes continuarão sendo jogados à luz da desconfiança coletiva. Nem sempre o conteúdo de um texto corresponde à sua manchete. Às vezes, aliás, dependendo de onde se quer chegar, são bem diferentes. A história contempoânea política dos pampas mostra isso bem claramente.

Leg