sábado, 7 de novembro de 2009

Quanto mais isentos, mais legítimos

Foi tudo tranquilo na sucessão da principal entidade associativista da região. Oficialmente, abraços e gentilezas recíprocas. Nos bastidores, entretanto, principalmente nas semanas que antecederam a eleição, o clima esteve pesado. De um lado, Edson Lessa e sua aspiração de manter a mesma filosofia de gestão na ACIC, a partir da posse de um fiel aliado. De outro, um grupo de oposição que foi crescendo na medida em que seus protagonistas iam minando Lessa.

O nome do empresário e ex-presidente Paulo Santos entrou em meio às articulações. Outros nomes, como o de Maurivan Dalbem (Santa Lúcia), chegaram a ser cogitados e até consultados, mas acabaram não aceitando a incumbência por algum motivo.

Entre os pontos batidos pelos rebeldes, um assunto sempre ganhava mais destaque: a compra e o uso da Parati da entidade. Redundâncias à parte, o veículo foi o carro de batalha na campanha dos opositores, que viam nele o simbolismo do uso pessoal da entidade por parte do então presidente. A suposta intenção de Lessa em criar um cargo de secretário executivo da entidade e dele ser o titular, foi usada exaustivamente pelos insurgentes.

Três semanas da eleição, a colisão se tornou iminente e Edio Devantier, tesoureiro da entidade, retirou sua candidatura, ao contrário do que desejava Lessa. Estava aberto o caminho para Paulo Santos voltar.

Essa sucessão ACIC chama a atenção por algumas peculiaridades. A primeira é que a entidade e seu controle nunca foram tão desejados como desta vez. Num passado recente, inclusive, houve escolhas que atenderam apenas a um critério: “não tem tu, vai tu mesmo”.

Outro aspecto é que, ao contrário dos adversários fizeram, ao tentar manter as aparências de um clima de elegância entre os diretores, Lessa deixou prevalecer a imagem negativa que vinha sendo trabalhada de sua gestão.

Assim como todos que saem de uma entidade de peso como é a Associação Comercial e Industrial de Camaquã, Lessa contabiliza acertos e erros. No geral, a projeção da imagem da ACIC como entidade de fato integrada aos filiados e às comunidades local e regional foi a principal virtude da gestão encerrada. Lessa, aliás, foi incansável para levar a ACIC a tudo e trazer tudo à ACIC.

Mas um movimento se mostrou fatal. A polêmica em torno da diminuição de status do setor municipal de desenvolvimento deixou Lessa numa situação delicada. A justificável briga com o prefeito Ernesto Molon foi lida como uma peleja pessoal pelos próprios pares. Seria entendida de forma diferente se Carlota Pauls, sua esposa, não tivesse sido secretária da Cultura do próprio Molon e cortada na nova gestão.

Paulo Santos assume a ACIC nove anos mais experiente e pelo potencial que possui, deverá fazer uma gestão profissional. Quando saiu da entidade em 2000, porém, também saiu desgastado depois de dois mandatos. Na época, o fogo amigo questionava a entrega de cestas básicas a entidades carentes. Para eles, os repasses faziam parte de sua preparação para campanha eleitoral de vereador.

Santos se candidatou pelo PMDB, não se elegeu e prometeu não fazer mais política partidária. Cumpriu a palavra e a lição que fica é quando mais longe associações como a ACIC se mantiverem longe de assuntos que envolvam ideologia, partidos e cargos públicos, melhor. É conveniente para a entidade, bom para os associados e melhor ainda para os seus presidentes.

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