sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A polenta queimou

Foto: Adriana Franciosi/ZH
Germano Rigotto diz que não é mais candidato a governador. E pela veemência com a qual expôs sua posição, em coletiva na tarde de ontem, não deverá mesmo ser. A decisão do ex-governador pode ser lida de várias formas, mas não deve ser legendada como surpreendente. O estado-maior do PMDB cozinhou o gringo em fogo baixo durante o ano todo. Faltou, porém, time aos chefs. A polenta queimou.

O estilo polido de Rigotto não lhe permitiu, na entrevista, fazer um justo desabafafo ou devolver as espetadas. Passou também por cima das ironias. Mas Rigotto cansou. E não deve ter sido fácil assistir a certos desvarios: o condicionamento interno dependente de humores de terceiros é um deles - usemos humores para salvaguardar a elegância.

José Fogaça foi (e ainda é) o preferido, mesmo com as simulações apresentando um desempenho seu praticamente igual ao do ex-governador. Entre os cabeças reinava a teoria da repetição da super-aliança de Porto Alegre. Esqueceram de prever, no entanto, que uma junção inviabilizaria a outra. Imaginaram um PDT feliz por herdar dois anos de prefeitura, e não levaram em consideração a chantagem que viria a reboque: o PDT divide o palanque fogacista de 2010 desde que o PMDB ajude a empurrar o carro trabalhista à sucessão da Capital em 2012.

Também subestimaram o poder generoso dado ao PTB na prefeitura. Mais de 50% do orçamento de Porto Alegre hoje está nas mãos dos afilhados de Zambiasi. Não, o PTB não correria esse risco de perda. Dentro do conceito petebista de fazer política, aliás, a manutenção de Fogaça na prefeitura e uma sociedade com o futuro governador – mesmo que este venha a ser petista – seria o ideal.

Certas obviedades não precisam ser lembradas, mas quando a cegueira de um grupelho saca a luz da coletividade, elas devem ser batidas. Com Rigotto o PMDB poderia reconquistar o governo. Ao apostar em Fogaça escolheu as duas piores opções possíveis: não ter candidato é a mais imediata. A outra é ganhar a eleição para estranhos governarem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leg