quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Bom senso e aliança selada

A terça-feira foi marcada por duas notícias relevantes: o arquivamento do processo de impeachment da governadora Yeda Crusius pela Assembléia Legislativa e o anúncio oficial de que o PMDB (nacional) estará com Lula e Dilma Roussef na campanha presidencial do ano que vem.

Em relação ao engavetamento do processo de impedimento da governadora, o bom senso prevaleceu. Esta CPI, recriada pela oposição pouco depois da contraditória entrevista dos promotores federais que queriam o afastamento de Yeda Crusius, nada mais foi do que a montagem de um palanque político com interesses óbvios na eleição de 2010.

Repito aqui algo que tenho observado toda vez que analiso essa contenda interminável: se existisse algo que ligasse diretamente a governadora ao esquema do Detran, nem a juíza de Santa Maria Simone Barbisan descordaria com o pedido do MPF, que pedia o afstamento da governadora, nem a Justiça Federal excluiria Yeda do processo.

Outra: se houvesse algo que de fato justificasse um pedido de cassação da governadora, a oposição teria o apresentado nestes dias nos quais a CPI vigorou. Não teve nada de novo, a não ser discursos inflamados, degravações de conversas isoladas e codificadas, e interpretações distorcidas. E é bom sempre salientar: essa CPI apenas iria investigar (e chegou a fazer isso) o que a Polícia e o Ministério Público Federais já investigaram - o escândalo do Detran, que lesou os cofres públicos em quase 50 milhões de reais. O processo está pronto e os indiciados nomeados por gente teoricamente isenta.

Se a retirada do nome de Yeda do processo, e agora, o arquivamento do pedido de impeachment darão condições para o governo estadual para começar uma nova fase é outra história. O fato é que a oposição, depois de tantas glórias, leva sua segunda derrota consecutiva.


Sobre a parceria selada entre PT e PMDB, ontem à noite, em jantar no Palácio da Alvorada, nenhuma surpresa, exceto pelo anúncio ter saído tão cedo. Com quatro ministérios e a possibilidade de ter um espaço ainda bem maior no próximo governo, os beneficiados manda-chuvas do PMDB paulista se anteciparam a qualquer tipo de movimento que venha a comprometer a lucrativa aliança operada até aqui.

E alguém pode se perguntar: e se José Serra ou o tucano que se candidatar vencer a eleição presidencial, o PMDB vai ficar no prejuízo? Nada. Se a candidata de Lula não vencer, algumas semanas depois o PMDB de Sarney e Michel Temer (foto), estará abraçado no vencedor e construindo assim, como recomenda os discursos, “uma base sólida para governabilidade do novo presidente”. Tudo claro, recheado com muitos, muitos e muitos cargos federais.

Um comentário:

  1. Rospide Neto, tesoureiro do PMDB, explicou que sua presença estava ligada ao valor do PSDB e à governadora Yeda Crusius por tudo que ela está fazendo. E avisou: “os adversários a odeiam, mas os aliados admiram seu trabalho”. Salientou que o PMDB, mesmo disputando as eleições em 2010, continuará a trabalhar junto, e quando forem concorrer ao governo, colocarão seus cargos à disposição para que ela decida o que fazer.""""""“os adversários a odeiam, mas os aliados admiram seu trabalho”"""...bello discurso ....

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