sábado, 7 de março de 2009

Pedro, só no nome

O vereador Pedro Ruas, do PSol de Porto Alegre, ganhou duas páginas na edição desta semana do jornal camaqüense Gazeta Regional. A matéria é boa. Mas é uma pena que beneficie somente Ruas, Luciana Genro e seus parceiros, que apresentaram há duas semanas uma série de acusações contra o governo tucano de Yeda Crusius. No ping-pong feito entre o repórter e o vereador, Ruas não apresenta nada de inédito em relação ao que já foi dito. Repetiu-se o bordão “se quiserem provas, que as procurem”.


Ao falar sobre a matéria na Rádio Camaqüense, na sexta-feira, o jornalista que fez a entrevista, Renato Dalto – ele também assina como diretor de redação do semanário -, fez duas considerações que merecem reflexões. A primeira delas: ele comparou as denúncias de Ruas com as de Pedro Collor, irmão falecido do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Em 1992, Pedro detonou o esquema de corrupção que envolvia o irmão e o tesoureiro da campanha eleitoral do PRN Paulo César Farias. As denúncias, como se sabe foram o estopim do bombardeio que veio pela frente. No final de outubro daquele mesmo ano Collor, hoje senador, caía.

Jornalisticamente falando, as denúncias do PSol e as do filho desmancha prazer de dona Leda Collor são diferentes. Bem diferentes. São como água e vinho os pesos das palavras de um irmão de um governante e de integrantes da sua mais radical oposição. Pedro Collor gozava da intimidade de Fernando, era seu sócio na rede de comunicações da família em Alagoas. E o mais importante: Pedro não almejava nada político. Queria sim ralar com irmão. Conseguiu. Já Pedro, o de Porto Alegre, nunca conviveu com a governadora, acha que é pouco ser vereador e deseja ver a ícone Heloísa Helena (por ironia, alagoana também) chegar ao poder político supremo do país. E Luciana do estado.

Mais um detalhe que derruba qualquer paralelo: aqui já há uma ampla investigação envolvendo Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário. O esquema do Detran já veio a público e até que se mostre, até aqui não houve nenhuma confirmação de qualquer participação de Yeda nos moldes que vêm sendo colocados. E é importante frisar o nome dela pelo fato de a figura central ser justamente ela. Assim como foi Collor. Já no caso da República de Alagoas, Pedro Collor foi o marco zero.

A segunda consideração do repórter é em relação a frase dita por Ruas que abre a matéria: “O impeachment de Yeda é inevitável”. Segundo ele a frase é inédita de Ruas à imprensa e a Gazeta trouxe em primeira mão. Primeiro, a frase ou pelo menos seu sentido não é. Não foi grifada em jornais diários estaduais como título porque isso atenderia justamente ao objetivo incendiário de Ruas. Além disto, deu para ver num passado recente o que um impeachment pode significar institucionalmente. Objeto de desejo de qualquer oposição golpista, o impedimento também adquiriu com o tempo um caráter de utopia. E a imprensa, que amadureceu muito nestas últimas duas décadas, hoje sabe melhor dividir o real do abstrato.

A frase “O impeachment de Yeda é inevitável” seria inédita se dita por alguém isento no processo. Um jurista, por exemplo. Causaria furor se dita por um outro Pedro, o Simon, por exemplo. Ou por um Paulo, o Brossard. Mas veio do denunciante, e isso, com toda a honestidade, é redundante. Remete a entrevistas de início e de fim de jogo de futebol, quando os repórteres e ouvintes já sabem o que vão ouvir dos boleiros.

Dia destes fiz aqui um registro pela isenção de uma nota publicada na Gazeta Regional. Apenas fiz justiça a um trabalho que me pareceu bom e emprestou um ar de total credibilidade a este jornal, que sabemos, passa por uma reformulação. Jornal que fiz parte e onde tenho amigos. Agora, a edição deste fim de semana lembrou panfleto político. Pareceu isto. Se na semana que vem houver o contraponto, com a disponibilização do mesmo espaço a alguém ligado aos acusados por Ruas, juro que esta impressão se diluirá.

6 comentários:

  1. Pelos comentários que leio neste espaço percebo que a maioria esmagadora é de defeza do governo Yeda, agora este blog criticar o Jornal Gazeta Regional por ter publicado uma entrevista com o verador Pedro Ruas é muita pretensão. O melhor é que fique cada um no seu quadrado. Aqui todo mundo sabe quem é parcial.

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  2. O mais curioso é que as pessoas "vítimas" destas calúnias não recorrem ao judicíário a fim de verem restauradas a verdade e suas próprias honras. Será que estamos diante de de políticos irresposáveis que mancham o nome de outros sem apresentar provas? Sinceramente, frente a firmeza e detalhes apresentados pelo vereador Pedro Ruas e a reação tíbia dos denunciados pode-se tirar uma conclusão de quem está mentindo.

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  3. Base aliada sofre com denúncias do PSOL e vacila no apoio a Yeda

    Já é de desconforto a posição de deputados da base aliada alojados no PP, PMDB e PTB, inquietos com os rumos das denúncias feitas pelo PSOL contra o PSDB, empresários e Yeda Crusius. Isto ficou visível nas reuniões de comissões e no plenário, nesta quarta-feira.

    . A conseqüência imediata da nova situação é que ficou movediça a determinação inicial da base de votar maciçamente pelo apoio ao veto do governo à lei que anistiou os professores grevistas do RS. Se o governo não for para cima dos seus deputados com determinação, a minoria dividirá a maioria e virará o jogo na Assembléia.

    - O PSOL, grilo falante do PT, armou o circo contra o PSDB, os empresários e Yeda, é ele quem se beneficia com a vacilação da base, porque foi a presidente do Cpergs, dirigente do PSOL, quem articulou e realizou a greve suicida do ano passado. PSOL e PSDB, com o apoio oblíquo do DEM, aposta na divisão da base aliada

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  4. Domingo, 8 de Março de 2009
    Carta Capital presta serviços ao PT e ao PSOL com denúncia requentada contra Yeda.

    O máximo que a oposição conseguiu armar contra o governo tucano gaúcho no final de semana, foi uma reportagem requentada na desmoralizada revista Carta Capital, que se colocou a serviço do governo do PT há pelo menos seis anos. PT e PSOL ficaram desolados com a incompetência dos repórteres da revista, mas a rede local de intrigas inundou a Web com reproduções infiéis.


    . O reparte local teve direito a foto redesenhada em fotoshop de Yeda, numa capa encomendada apenas para o RS.

    . A reportagem requentada, sem nada de novo, nem aparece na edição nacional.


    - Há três semanas, o jornalista Mino Carta, que criou a Carta Capital, resolveu abandonar o posto. As informações de que amigos do ex-ministro Luiz Gushikin teriam comprado a revista, não foram confirmadas pelo editor.



    CAPA - A capa da nova edição está ao lado. Se você comprar a revista para ler a reportagem, vai constatar que o mesmo rosário de denúncias é repetido, sem prova alguma. O jornalismo marrom de Carta Capital difere muito do jornalismo investigativo de Veja desta semana, que comprova com fac similes toda a zorra existente sob os narizes de Lula e sobretudo do ministro Tarso Genro, no caso as investigações ilegais da Operação Satiagraha.



    . Desista de encontrar o texto na Internet. Ele não se encontra no site da revista e nem mesmo os amigos da Carta Capital queiseram reproduzir nada, porque seriam desmascarados pela montagem

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  5. Saiba como o governo inverte o jogo no caso da denunciação caluniosa do PSOL

    Será nesta segunda-feira a tarde a reunião agendada entre a governadora Yeda Crusius e o procurador Geral da República, Luiz Fernando de Souza.

    . A agenda da reunião é incomum e poderá resultar num duro golpe à armação iniciada pelo PSOL do RS no caso da denunciação caluniosa contra Yeda, empresários e PSDB, realizada há duas semanas, envolvendo uso de caixa 2 e recursos públicos. O PSOL até hoje não apresentou provas e tem repetido que elas estão no Ministério Público Federal, mas o MPF não ajuda a esclarecer o que tem e o que não tem em seu poder. Na segunda-feira da semana passada, pressionado pelo ex-secretário Aod Cunha, o MPF expediu uma certidão mitigada em favor de Aod, restrita à comarca de Porto Alegre, prometendo para mais tarde a emissão de uma certidão mais ampla. Surpreendentemente, na quinta-feira, um dia depois do anúncio de Yeda de que iria ao procurador Geral, em Brasília, o MPF do RS chamou Aod para entregar-lhe nova prova de inocência.

    - Além de inverter a mão no jogo político que a prejudica nesse caso do MPF, o governo também resolveu endurecer o jogo com a Polícia Federal do RS. É que o governo avisou que vai acompanhar as novas investigações que serão feitas no Estado, exatamente sobre a denunciação caluniosa do PSOL.

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  6. olícia continua investigando assassinato de testemunha do caso SalazarxPontxBohn Gass

    Prosseguem as investigações sobre o assassinato de Milton Nunes Kruger, principal testemunha de acusação no caso Salazar x Raul Pont x Bohn Gass. A polícia investiga o caso (Kruger teve várias passagens pela polícia) e não desconsidera qualquer conexão política no atentado.

    . Paulo Salazar, ex-tesoureiro da DS, acusou em juízo os deputados Pont e Bohn Gass por garfearem parte dos seus salários na Assembléia, denunciou a arrecadação ilegal de dinheiro para o caixa 2 da campanha de Pont em 2004 e apresentou documentos sobre o uso de notas frias para o pagamento de diárias pela Assembléia do RS.

    - Milton Kruger, a testemunha assassinada, participou de algumas das operações heterodoxas da DS, inclusive lavagem de dinheiro. Ao contrário de Salazar,não era filiada ao PT, Uma das suas irmãs, Jussara, além de filiada, foi combativa cabo eleitoral na campanha do senador Paim.

    - A revista Veja e o jornal O Estado de S. Paulo investigam o caso.

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