terça-feira, 24 de março de 2009

Governo Yeda: uma peleia diária

Muitos se perguntam: por que não passa uma semana sem que haja uma polêmica envolvendo o governo estadual? Esta segunda-feira, por exemplo, começou com mais uma, com a Rádio Gaúcha divulgando o conteúdo dos grampos do MP feitos nas últimas eleições municipais. Nas conversas, a prefeita de lajeado fala com um candidato a vereador, que por sua vez fala com o chefe de Gabinete de Yeda Crusius. Todos são do PSDB. O que tem de absurdo nestes diálogos? Nada. Para quem conhece um pouco de bastidores sabe que sempre existiu e sempre existirá pressão política contra autoridades de Estado e troca de informações privilegiadas entre parceiros do poder. É o jogo e se formos discutir as imperfeições do jogo, a conversa vai longe.

Mas com relação à capacidade deste governo de atrair problemas, existem essencialmente duas razões para isso. A primeira e mais importante: é muito difícil governar com partido pequeno. Uma simples repassada nos números das eleições municipais do ano passado já oferece uma idéia comparativa do PSDB em relação às demais siglas que vêm se alternando no Poder Executivo estadual. Dos 496 municípios gaúchos, apenas 19 elegeram prefeitos tucanos. Aliados do governo, o PP possui 147 prefeitos e o PMDB 143. Já em relação aos seus adversários a desvantagem no Interior também é flagrante, com os tucanos tendo apenas um terço das prefeituras que tem o PT. Na Assembléia Legislativa o PSDB também está em desvantagem, com sete deputados, contra nove do PMDB, nove do PP e dez do PT.

Governar com um partido pequeno significa estar num delicado e permanente jogo, cujo desafio de se manter em pé é renovado a cada projeto, à cada discussão, à cada novo lance. É ser refém diário da gula sem fim e da maldade silenciosa dos oficialmente parceiros. Vejam bem o momento: estamos a um ano e meio das próximas eleições estaduais e o PMDB, partido de base e que tem secretarias de peso no governo Yeda já discute abertamente qual dos quadros irá à sucessão. Fogaça? Rigotto? Ora, quem articula posse de algo, lógico que o que menos quer ver é o sucesso do detentor do objeto. Yeda tem muitos adversários declarados, mas um batalhão muito mais numeroso de falsos parceiros.

O outro tronco originário da instabilidade é a falta de tato e, consequentemente, a inexistência da previsibilidade. O caso Paiane é emblemático. O advogado Adão Paiane chegou ao governo pelas mãos de Enio Bacci, do PDT, que saiu da Secretaria de Segurança brigado com o governo. Filiado por conveniência pessoal, Paiane (foto) ficou, virou ouvidor oficial do setor, tornou-se desafeto de Ricardo Lied – todo-poderoso assessor de Crusius - e foi chutado. Foi exonerado sem conversa, pelo Diário Oficial. Com orgulho estraçalhado, desceu à mansão dos mortos e ressuscitou em praça pública, atirando com balas de festim. Mas fez barulho e prejudicou o governo.
Falta neste governo quem saque esses movimentos e se antecipe a eles.

Sob o ponto de vista público, Yeda Crusius tem feito o governo mais positivo, e pode se dizer, sem exagerar, o melhor governo dos últimos anos. Mexeu num vespeiro intocável que é o funcionalismo público, tocou em feridas fétidas que nem um dos bombachudos que se sentou na principal cadeira do Piratini tocou. Em dois anos tirou o Estado do cheque negativo e o tornou cliente ouro.

Mas tais virtudes não foram assimiladas. Pesquisa do Datafolha do fim de semana aponta para chances de reeleição muito complicadas. Yeda Crusius tem hoje uma média de apenas 9% das intenções de voto, independentemente de quem forem os adversários. As sucessivas polêmicas políticas não têm sido nada positivas e estão abafando aquilo que a atual gestão tem de melhor: o gerenciamento público. Reverter isso agora, num curto espaço de tempo, é aquilo que a ala política do PSDB tem de mais prioritário. E, a essas alturas da partida, terá de fazer isso sozinha. (Fotos: Itamar Aguair/P. Piratino e Emílio Pedroso/ZH)

3 comentários:

  1. "Enquanto suspiramos por uma vida sem dificuldades, devemos nos lembrar que o carvalho cresce forte através de ventos contrários e que os DIAMANTES são formados sob pressão."

    Peter Marshall


    Continue que a caminha é longa.

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  2. Ninguém deve estranhar se o ex-ouvidor da Segurança Pública, Adão Paiani, vier a público para confessar que foi vítima de uma engenhosa trama para abater os chefes de gabinete de Yeda e do general Goulart, secretário de Segurança do RS. O ex-ouvidor não gostava de nenhum dos dois, porque ambos protegiam as portas dos seus superiores. Em Lajeado, mais gente não tinha nada contra o chefe de gabinete do general Goulart, mas tinha muita coisa contra Ricardo Lied.

    . Paiani, metido até a cabeça numa trampa política menor, está mais enroscado do que rato em guampa.

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  3. Saiba a verdade sobre os CDs dos grampos de Lajeado.
    Desde o primeiro dia o editor desta página vem repetindo as mesmas quatro constatações a respeito das denúncias feitas pelo ex-ouvidor da Segurança Pública do RS, o advogado Adão Paiani:

    1) Paiani mentiu ao negar sua ida ao escritório do promotor de Lajeado para pegar oito gravações.

    2) as gravações foram todas autorizadas pelo juiz.

    3) o conteúdo do CD registrou apenas tricas e futricas paroquiais de Lajeado.

    4) a OAB, a mídia, a oposição e a opinião pública foram feitos de palhaço no episódio.

    . O mais curioso de tudo é que a OAB, a mídia e a oposição continuem insistindo em alvejar o sistema de escuta (Guardião) manejado pela Brigada Militar. Ele só foi usado por decisão judicial. As suspeitas sobre o Guardião e sobre a Brigada são indecentes, porque não são acompanhadas da menor prova ou do menor indício de fraude.

    - Neste caso depravado de rasteira política, constata-se como no caso anterior do PSOL (Luciana Genro e Pedro Ruas), que personalidades políticas locais resolveram mentir descaradamente para assassinar reputações, encontrando abrigo em boa parte da mídia, na oposição e junto a opinião pública.

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