terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Embates anacrônicos

Interessante como estão acirrados os ânimos políticos locais. E olha que estamos falando disso doze dias depois da posse do governo e dos vereadores. O normal são esses debates que estão se verificando agora se darem mais adiante, a partir dos meados dos mandatos, quando já se começa a sentir o cheiro de outra batalha. Mas não, o clima de rivalidade em Camaquã está deflagrado. E a impressão que se tem é que a campanha eleitoral ainda não terminou. Pelo menos para uma parte. Ontem, por exemplo, na Câmara, foi intenso o debate em torno de um pequeno benefício que os vereadores de oposição querem conceder ao funcionalismo, mas que o governo Molon diz não poder dar por força da lei.

São duas as causas que estão provocando este fenômeno atípico. A pequena margem de diferença de votos que ungiu Molon, até agora não foi assimilada por uma porção da oposição. Falo em porção, porque não são todos do PDT ou aliados do PDT na corrida que vêm agindo assim. Já o candidato derrotado e alguns parceiros mais ligados a ele, certamente não estariam assim caso não tivessem apalpado a vitória. Ela esteve perto demais, com o êxito sendo inclusive cantado antes dos 45. O brabo não é ter algo. O difícil é a sensação de deixá-lo de ter, mesmo que sua posse tenha sido pura ilusão.

A outra razão deste prolongamento (ou antecipação) da disputa é que pouco mudou no retrato político de Camaquã. O prefeito é o mesmo dos últimos dois anos e, na Câmara, 70% das cadeiras continuam com os mesmos donos. O governo, apesar de manter alguns nomes, é novo, é verdade. E Ernesto Molon sempre que pode dá essa idéia de renovação. Administrativamente, muita coisa deverá mudar mesmo. Mas a grosso modo, politicamente a fotografia é a mesma.

Mesmo que essa agressividade da oposição esteja sendo respaldada teoricamente pelo índice alto de reprovação ao modelo de gestão anterior, cabe dizer que tal postura é temerária. E o pior dos riscos é que os tiros comecem a ser dados no próprio pé. Precisa-se calcular um fato: a maioria dos homens e mulheres que foram às urnas em outubro já estão em outro patamar. Esperam sim, os resultados da atuação de seus escolhidos. Para eles, a eleição já faz parte de um passado distante e muitos nem sequer lembram em quem votaram. A discussão política faz parte, mas os excessos têm data e lugar.

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