Há uns dois meses atrás se instalou uma
polêmica na cidade em torno da proposta das entidades patronais locais do
comércio que pretendia abrir as portas dos estabelecimentos aos domingos. A
reação foi imediata, óbvio, principalmente dos comerciários, que viram os seus
domingos familiares ameaçados. Mas não foram somente eles. Mesmo os que não
seriam atingidos também se posicionaram contra. Não viam necessidade na opção. Ou
seja, venceu a maioria. E só para refrescar a memória: sabe quem barrou a
besteira? Os vereadores. Sim, foi o Legislativo que impediu que a aberração não
fosse levada adiante.
A recordação dessa recente intervenção é válida
para este momento em que um grupo se alvoroça contra a Câmara, com o intuito de
diminuir salários dos vereadores camaqüenses. Sob a justificativa da economia
pública, podem estar dando um tiro no pé da própria sociedade. Estranhamente,
muitos dos que embarcam nesta empolgação, cobram mais qualidade legislativa na
aldeia. Experimentem então pagar setecentos e poucos Reais por mês e verão a
qualidade parlamentar que teremos.
Antes que acusem o blogueiro de defender o
Legislativo por algum interesse, já informo: nem um centavo entra nesse corpo
aqui originário do Legislativo, não tenho parente vereador e a pessoa em quem votei
não se elegeu. Dito isso, quero dar meu testemunho de que a Instituição Câmara
de Vereadores reúne muita gente do bem – a sua esmagadora maioria. Cidadãos
cuja postura é exemplo, ao contrário de que alguns de fora tentam passar,
levando em conta algum comportamento individual
ou comparando com a atuação parlamentar de outras casas. Ou mesmo por nunca se
interessar em conhecer a rotina legislativa local. Incorrem assim na tentadora prática
da generalização. Não, o Neco não tem nada a ver com Jardel e o Fulvio está
longe de qualquer similaridade com Eduardo Cunha. Os mesmo vale para
funcionários e a maioria dos assessores, que se desdobram para fazer a coisa
certa.
Pagar menos aos vereadores não vai resolver os problemas
financeiros municipais. Nem aqui nem em Ivoti. Todos sabemos onde está a causa
e quem são seus responsáveis. Também não irá moralizar um sistema público viciado,
que faz com que muitos destes mesmos vereadores, às vezes comprometam quase a
totalidade do seu tempo e boa parte dos seus ganhos ajudando quem precisa. Não
deveria né? Verdade. Então, implementemos um sistema de saúde, de transporte, social
que realmente funcione. Pronto, ai não teremos mais vereadores
assistencialistas. Mas vamos combinar assim: primeiro, a implantação.
Assim como em todos os parlamentos mundiais, de
todos os tamanhos e importâncias, o de Camaquã tem de tudo. Tem o pensador, o
agitador, o contestador, o vaidoso. Porém, não vi e não se tem notícia de algum
larápio, de algum que falsifique notas de diárias ou reembolse salários de
assessores. E isso, por si, nestes tempos de saques escancarados ao Erário, se
constituiu numa baita virtude. Portanto, critiquemos o Legislativo, mas não o
desrespeitemos.
“Se
a qualidade dos representantes é desproporcional ao ganho, esse é um excelente
momento para começar a mudar isso”
É certo que chegamos a um estágio de cansaço. Esse
modelo comportamental público que ai está, já se viu, extrapolou todos os
limites da paciência. Mas cautela e racionalidade não faz mal a ninguém nessas
horas, em que o ambiente fica absurdamente fértil para o oportunismo, para o populismo
e para hipocrisia vociferantes de ocasião. Aliás, o primeiro requisito e ser exigido
de quem faz uma articulação dessas deveria ser o seu grau de altruísmo com
relação à municipalidade.
O salário de um vereador pode ser alto se comparado
ao que ganha o restante, mas é justo se levado em consideração a
responsabilidade que um cargo de legislador representa. Se a qualidade dos representantes é desproporcional
ao ganho, esse é um excelente momento para começar a mudar isso. Quem sabe uma
campanha de conscientização abrangente, com o intuito de conscientizar mais os
cidadãos sobre o seu voto? No ano que vem tem renovação do poder. Ou quem sabe lancem
seus próprios nomes. Eleitos, colocariam em prática a preocupação que possuem
com seus conterrâneos, fortaleceriam a Casa e, aperfeiçoariam a legislação. E, quem
sabe também, protocolariam um projeto de renúncia individual ou coletiva dos salários.
Que veriador só ficao la brigando ums com outros e mada fais
ResponderExcluirAh! Por favor!! Nossos vereadores só votam moções e agora estão criando o dia municipal do Saci Perere!! Tudo isso por miseraveis 8.000 reais por mes.... convenhamos!
ResponderExcluirgaranto que por um salário minimo só entraram pessoas que realmente querem fazer algo por Camaquã, pois o salário não será mais a atração principal do circo
ResponderExcluirDe acordo Juarez que um salário mínimo seria inviavel por varias circunstancias, MASSSSSS é exorbitante diferença salarial entre os servidores do municipio e o servidores do executivo e legislativo. Uma equiparação mais justa nao se torna inviavel, e nao anula a possibilidade de representantes decentes ocuparem os cargos ... vide o projeto do
ResponderExcluirArt. 2º - Os subsídios a que se refere o art. 1º serão escalonados e fixados da seguinte forma:
I – para o cargo de Prefeito, o valor de dez (10) vezes o menor salário básico dos cargos de servidor do Município de Camaquã;
II - para o cargo de Vice-prefeito, o valor de sete (7) vezes o menor salário básico dos cargos de servidor do Município de Camaquã;
III – para o cargo de Secretário, o valor de cinco (5) vezes o menor salário básico dos cargos de servidor do Município de Camaquã;
IV – para o cargo de Vereador, o valor de cinco (5) vezes o menor salário básico dos cargos de servidor do Município de Camaquã;
Cara eu ganho um pouco mais que o mínimo e faço o meu trabalho bem feito. Agora se eles vão usar isto para fazerem um pecimo trabalho que renunciem, porque caráter tu já nasce com ele
ResponderExcluirA verdade é que o salário de todos os cargos públicos deveriam estar atrelados uns aos outros. A equiparação salarial entre os funcionários e servidores no município de Camaquã é insustentável. É fato que servidores de mesma função e cargo em outros municípios de mesmo porte que Camaquã são muito melhor remunerados, é absurdo que nos dias atuais ainda vemos aqui em Camaquã servidores com remuneração abaixo do salário mínimo e com um vale refeição defasado, que se for usar para almoçar todos os dias terá que colocar o dobro do valor em qualquer restaurante da cidade. Não penso que o salário dos vereadores seja extremamente alto, mas penso que deveriam lutar mais pela comunidade camaquense, angariando empresas e fundos para projetos de saneamento e infraestrutura, para a habitação pois Camaquã foi um dos municípios que não quis se beneficiar do Minha casa Minha vida para pessoas de baixa renda, não apresentou projeto. Certamente se lutarem para defender e estabelecer dez por cento dos anseios da população, não teríamos nenhuma crítica a situação instaurada.
ResponderExcluirNesse link pode-se ver e assinar a proposta de equiparação de salários do legislativo: http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR86854 Esta proposta não é a mesma lançada pelas entidades as quais o redator citou acima. Trata-se de um projeto mais elaborado e justo, onde não se fala no absurdo de setecentos e poucos reais, mas em equiparar ao salário injusto que é pago ao restante dos funcionários da prefeitura de Camaquã, que tem o base inferior ao minimo e que não são lembrados pelos vereadores. Se não tem verba para dar aumento aos menos favorecidos, então compartilhem das dificuldades junto com eles. É injusto aumentar o próprio salário enquanto seu colega continua ganhando muito, mas muito menos do que você, e você não faz nada sobre isto, não quer nem falar no assunto.
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