segunda-feira, 14 de setembro de 2015

ARROZ: INCERTEZAS, AUMENTO DO CUSTO E SEMEADURA TARDIA PREOCUPAM PRODUTORES

Realidade do setor foi debatida no último sábado, no Conexão Rural, transmitido ao vivo de Tapes  
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Transmitido ao vivo do Sindicato Rural de Tapes, neste sábado (12), o programa Conexão Rural (Rádio Meridional FM) discutiu o impacto da suposta majoração tributária na lavoura de arroz, fez uma análise da desproporcionalidade entre os custos da lavoura e a sua comercialização e projetou o próximo ciclo da cultura, a partir das observações e recomendações dos convidados.  
Para o presidente do Sindicato Rural de Tapes, Juarez Petry, 2014 deve ficar como lição para o setor, atingido pela demora do governo federal na elaboração do plano safra e na conseqüente liberação dos recursos de financiamento no sistema bancário. Para Petry, entretanto, as entidades que representam os produtores precisam também fazer um mea culpa, já que segundo ele, falharam no que se refere a mobilização para que o governo acelerasse o processo. É unanimidade entre os arrozeiros que o anúncio tardio das medidas potencializou a descapitalização dos produtores, obrigados a vender o cereal bem abaixo do custo da sua produção com o objetivo de fazer caixa.

Para os entrevistados o mais preocupante é a manutenção do cenário no qual o arroz é vendido a valores que não cobrem o custo da operação. “Não existe qualquer possibilidade de sobrevivência da atividade com o saco de arroz tendo uma média de custo entre R$ 46,00 e R$ 47,00 e sendo vendido muito abaixo dos R$ 40,00”, comentou Petry.  Diante do que aconteceu este ano, porém, Petry prevê uma pressão maior das entidades para que até a solenidade de abertura oficial da colheita de arroz, a ser realizada no início de 2016 em Alegrete, as linhas de crédito já estejam anunciadas e os recursos disponíveis.
  
Para o presidente da Cooperativa Agropecuária Costa Doce, Pedro Paulo Barbosa uma das saídas mais inteligentes da relação governo-produção seria a adoção de uma política agrícola na qual constasse o crédito rotativo como uma das suas ferramentas. Na defesa do mecanismo, Barbosa diz que a oferta permanente de recursos para o campo, com regras claras, desburocratizaria a relação dos produtores com o sistema bancário e contribuiria na fluidez da engrenagem e na valorização do produto. “Não tenho dúvida de que quanto menos o governo interferir na atividade produtiva mais o empreendedor se desenvolve, mais o país cresce”, afirmou Barbosa ao falar que “o poder público precisa começar a retribuir na prática, através de uma política agrícola séria, dinâmica e eficaz, os 28% contribuídos pelo setor primário no Produto Interno Bruto (PIB)nacional”.

Outra preocupação dos arrozeiros é com relação a tardia semeadura verificada nos últimos ciclos. A prática, que acaba comprometendo diretamente a produtividade da lavoura, independe, na maioria das vezes, da vontade dos arrozeiros. Como boa parte deles arrenda a propriedade (em Tapes chega a 70%), os produtores acabam recebendo a terra apenas em novembro, já que o proprietário a utiliza até o final de outubro para pecuária. Para se chegar a um acordo, uma reunião entre proprietários e arrendatários está sendo organizada pelo Sindicato Rural tapense.  

PARQUE EÓLICO E AUD

Já o prefeito Silvio Rafaeli anunciou a liberação por parte da Fepam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) da licença para a instalação de um parque de energia eólica no município, há anos pleiteada. O prefeito também defendeu a não aprovação das majorações tributárias pretendidas pelos governos federal e estadual, dizendo que além da maior repressão ao consumo, as medidas significam um maior incentivo à sonegação. Sobre a atividade arrozeira Rafaeli citou a adoção de algumas ações e posturas públicas e privadas que considera vitais para a recuperação e prosperidade do negócio, entre os quais a utilização de um sistema de seguro agrícola, no qual o governo subsidiaria parte do custo e com os bancos financiando as lavouras a partir da garantia da renda. Outra solução apontada por Rafaeli é mais regional e mexeria, especificamente, com os produtores camaquenses. Para ele, “está caindo de maduro” a ampliação das atividades da Associação dos Usuários do Perímetro do Arroio (AUD), que passaria a atuar também na área do cooperativismo em o caso de vir a adquirir a unidade local da CESA. Além da água, a AUD passaria a garantir também a armazenagem do arroz aos seus filiados. “Além da sua credibilidade, a AUD ofereceria uma estrutura a mais aos arrozeiros, os fortalecendo”, observou o prefeito.   

                                                                                           PARTICIPAÇÕES

O Conexão Rural também trouxe a cobertura da primeira noite do Ciclo de Palestras do Irga, que está sendo realizado em Tapes em setembro, com a reprodução das entrevistas feitas na noite de quinta-feira (10) com o diretor regional do Irga, Ricardo Kroeff e com o chefe do 10ª Nate do Irga, Rudineli Carvalho. O CR também trouxe as participações semanais de João Blanco, diretor da MB2 Agronegócios, e de José Carlos Pires, que fala de Brasília. Também participaram do debate os produtores rurais Leo Emílio Jenich, Arnaldo Heckerd e Jorge Pio Barbosa, diretores do Sindicato Rural de Tapes. 

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