Realidade do setor foi debatida no
último sábado, no Conexão Rural, transmitido ao vivo de Tapes
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Transmitido ao vivo do Sindicato Rural de Tapes, neste
sábado (12), o programa Conexão Rural (Rádio Meridional FM) discutiu o impacto da suposta majoração
tributária na lavoura de arroz, fez uma análise da desproporcionalidade entre
os custos da lavoura e a sua comercialização e projetou o próximo ciclo da
cultura, a partir das observações e recomendações dos convidados.
Para o presidente do Sindicato Rural de Tapes, Juarez
Petry, 2014 deve ficar como lição para o setor, atingido pela demora do governo
federal na elaboração do plano safra e na conseqüente liberação dos recursos de
financiamento no sistema bancário. Para Petry, entretanto, as entidades que
representam os produtores precisam também fazer um mea culpa, já que segundo
ele, falharam no que se refere a mobilização para que o governo acelerasse o processo.
É unanimidade entre os arrozeiros que o anúncio tardio das medidas potencializou a descapitalização
dos produtores, obrigados a vender o cereal bem abaixo do custo da sua produção com
o objetivo de fazer caixa.
Para os entrevistados o mais preocupante é a manutenção
do cenário no qual o arroz é vendido a valores que não cobrem o custo da operação.
“Não existe qualquer possibilidade de sobrevivência da atividade com o saco de
arroz tendo uma média de custo entre R$ 46,00 e R$ 47,00 e sendo vendido muito abaixo
dos R$ 40,00”, comentou Petry. Diante do
que aconteceu este ano, porém, Petry prevê uma pressão maior das entidades para
que até a solenidade de abertura oficial da colheita de arroz, a ser realizada no
início de 2016 em Alegrete, as linhas de crédito já estejam anunciadas e os
recursos disponíveis.
Para o presidente da Cooperativa Agropecuária Costa Doce,
Pedro Paulo Barbosa uma das saídas mais inteligentes da relação
governo-produção seria a adoção de uma política agrícola na qual constasse o
crédito rotativo como uma das suas ferramentas. Na defesa do mecanismo, Barbosa
diz que a oferta permanente de recursos para o campo, com regras claras, desburocratizaria
a relação dos produtores com o sistema bancário e contribuiria na fluidez da
engrenagem e na valorização do produto. “Não tenho dúvida de que quanto menos o
governo interferir na atividade produtiva mais o empreendedor se desenvolve,
mais o país cresce”, afirmou Barbosa ao falar que “o poder público precisa começar
a retribuir na prática, através de uma política agrícola séria, dinâmica e
eficaz, os 28% contribuídos pelo setor primário no Produto Interno Bruto (PIB)nacional”.
Outra preocupação dos arrozeiros é com relação a tardia
semeadura verificada nos últimos ciclos. A prática, que acaba comprometendo diretamente
a produtividade da lavoura, independe, na maioria das vezes, da vontade dos
arrozeiros. Como boa parte deles arrenda a propriedade (em Tapes chega a 70%), os
produtores acabam recebendo a terra apenas em novembro, já que o proprietário a
utiliza até o final de outubro para pecuária. Para se chegar a um acordo, uma
reunião entre proprietários e arrendatários está sendo organizada pelo
Sindicato Rural tapense.
PARQUE EÓLICO E AUD
Já o prefeito Silvio Rafaeli anunciou a liberação por
parte da Fepam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) da licença para a instalação
de um parque de energia eólica no município, há anos pleiteada. O prefeito
também defendeu a não aprovação das majorações tributárias pretendidas pelos
governos federal e estadual, dizendo que além da maior repressão ao consumo, as
medidas significam um maior incentivo à sonegação. Sobre a atividade arrozeira Rafaeli
citou a adoção de algumas ações e posturas públicas e privadas que considera
vitais para a recuperação e prosperidade do negócio, entre os quais a
utilização de um sistema de seguro agrícola, no qual o governo subsidiaria
parte do custo e com os bancos financiando as lavouras a partir da garantia da
renda. Outra solução apontada por Rafaeli é mais regional e mexeria,
especificamente, com os produtores camaquenses. Para ele, “está caindo de
maduro” a ampliação das atividades da Associação dos Usuários do Perímetro do
Arroio (AUD), que passaria a atuar também na área do cooperativismo em o caso
de vir a adquirir a unidade local da CESA. Além da água, a AUD passaria a
garantir também a armazenagem do arroz aos seus filiados. “Além da sua credibilidade,
a AUD ofereceria uma estrutura a mais aos arrozeiros, os fortalecendo”,
observou o prefeito.
PARTICIPAÇÕES
O Conexão Rural também trouxe a cobertura da primeira
noite do Ciclo de Palestras do Irga, que está sendo realizado em Tapes em
setembro, com a reprodução das entrevistas feitas na noite de quinta-feira (10)
com o diretor regional do Irga, Ricardo Kroeff e com o chefe do 10ª Nate do
Irga, Rudineli Carvalho. O CR também trouxe as participações semanais de João
Blanco, diretor da MB2 Agronegócios, e de José Carlos Pires, que fala de
Brasília. Também participaram do debate os produtores rurais Leo Emílio Jenich,
Arnaldo Heckerd e Jorge Pio Barbosa, diretores do Sindicato Rural de Tapes.
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