sexta-feira, 25 de julho de 2014

A imigração alemã e a pluralidade do povo gaúcho

Por Zelmute Marten*

O aniversário dos 190 anos da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul remete a uma reflexão histórica a respeito da pluralidade étnico-cultural do nosso Estado. Os primeiros alemães que se instalaram por aqui, a iniciar pela Colônia de São Leopoldo, em 1824, e depois em tantas outras regiões, eram oriundos de diferentes principados, grão-ducados e cidades-livres que existiam antes da Unificação da Alemanha. Representavam também variadas classes sociais, especializações profissionais, orientações religiosas e doutrinas ideológicas.

Foram eles que implementaram no solo gaúcho as primeiras propriedades agrícolas familiares – as chamadas “picadas”. Construíram também as pioneiras fábricas e oficinas de artesanato, alfaiatarias, sapatarias, selarias e olarias, inaugurando importantes setores produtivos, como o coureiro-calçadista, têxtil e metalúrgico. Sem desconsiderar as contribuições na formação das primeiras redes de comércio, através dos caixeiros-viajantes, e as produções culturais nos campos da literatura, da arquitetura e da culinária, entre outros tantos legados.

Somado às demais etnias que integraram a formação da população gaúcha, o processo imigratório alemão ao RS contribuiu para a riqueza cultural do nosso povo. Junto com indígenas, africanos, portugueses, espanhóis, italianos e pomeranos, entre outros, os alemães fizeram parte de uma intensa mescla, que resultou em um perfil variado da nossa população, que aprendeu a viver com as diferenças. Mesmo que muitos conflitos tenham sido travados por diferentes razões, foi pela motivação política e cidadã do nosso povo que soluções foram alcançadas para a convivência harmônica, tão singular em relação ao restante do País e do mundo.

Particularmente, tenho um interesse especial sobre esse tema. Como secretário de Turismo, Indústria e Comércio de São Lourenço do Sul, importante polo da imigração alemã, tive a satisfação de contribuir para essa valorização cultural. Inauguramos, em 2005, o Caminho Pomerano, roteiro turístico de entretenimento e tradição no meio rural, que resgata hábitos culturais e gastronômicos, valorizando os descendentes da extinta Pomerânia, em grande quantidade na região, e em 2008 realizamos o Sesquicentenário da Colonização Alemã-Pomerana no município.

Atualmente, como secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS), órgão de participação social do Governo do Estado, que reúne uma ampla gama de representações dos mais diferentes segmentos que constituem a pluralidade do povo gaúcho, tenho a nobre e desafiadora responsabilidade de conduzir um processo de busca por convergências e consensos sobre o desenvolvimento econômico, social e ambiental. E é também pela reconhecida disposição política e cidadã dos gaúchos e gaúchas, que já conseguimos propor mais de 190 recomendações acolhidas e implementadas pelo Executivo estadual, melhorando a vida dos mais diversos setores da nossa miscigenada população.


* Secretário-executivo do CDES-RS

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