Por Zelmute Marten*
O aniversário dos 190 anos da Imigração Alemã no Rio Grande
do Sul remete a uma reflexão histórica a respeito da pluralidade
étnico-cultural do nosso Estado. Os primeiros alemães que se instalaram por
aqui, a iniciar pela Colônia de São Leopoldo, em 1824, e depois em tantas
outras regiões, eram oriundos de diferentes principados, grão-ducados e
cidades-livres que existiam antes da Unificação da Alemanha. Representavam
também variadas classes sociais, especializações profissionais, orientações
religiosas e doutrinas ideológicas.
Foram eles que implementaram no solo gaúcho as primeiras
propriedades agrícolas familiares – as chamadas “picadas”. Construíram também
as pioneiras fábricas e oficinas de artesanato, alfaiatarias, sapatarias,
selarias e olarias, inaugurando importantes setores produtivos, como o
coureiro-calçadista, têxtil e metalúrgico. Sem desconsiderar as contribuições
na formação das primeiras redes de comércio, através dos caixeiros-viajantes, e
as produções culturais nos campos da literatura, da arquitetura e da culinária,
entre outros tantos legados.
Somado às demais etnias que integraram a formação da
população gaúcha, o processo imigratório alemão ao RS contribuiu para a riqueza
cultural do nosso povo. Junto com indígenas, africanos, portugueses, espanhóis,
italianos e pomeranos, entre outros, os alemães fizeram parte de uma intensa
mescla, que resultou em um perfil variado da nossa população, que aprendeu a
viver com as diferenças. Mesmo que muitos conflitos tenham sido travados por
diferentes razões, foi pela motivação política e cidadã do nosso povo que
soluções foram alcançadas para a convivência harmônica, tão singular em relação
ao restante do País e do mundo.
Particularmente, tenho um interesse especial sobre esse tema.
Como secretário de Turismo, Indústria e Comércio de São Lourenço do Sul,
importante polo da imigração alemã, tive a satisfação de contribuir para essa
valorização cultural. Inauguramos, em 2005, o Caminho Pomerano, roteiro
turístico de entretenimento e tradição no meio rural, que resgata hábitos
culturais e gastronômicos, valorizando os descendentes da extinta Pomerânia, em
grande quantidade na região, e em 2008 realizamos o Sesquicentenário da
Colonização Alemã-Pomerana no município.
Atualmente, como secretário-executivo do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS), órgão de participação social do
Governo do Estado, que reúne uma ampla gama de representações dos mais
diferentes segmentos que constituem a pluralidade do povo gaúcho, tenho a nobre
e desafiadora responsabilidade de conduzir um processo de busca por
convergências e consensos sobre o desenvolvimento econômico, social e
ambiental. E é também pela reconhecida disposição política e cidadã dos gaúchos
e gaúchas, que já conseguimos propor mais de 190 recomendações acolhidas e
implementadas pelo Executivo estadual, melhorando a vida dos mais diversos
setores da nossa miscigenada população.
* Secretário-executivo do CDES-RS
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