sexta-feira, 13 de junho de 2014

O APITO INICIAL

Por Nelson Egon Geiger
Advogado

Com todos assistentes nas arquibancadas, Estádio cheio, times em campo e após serem tocados os hinos nacionais, juiz e auxiliares, imprensa colocada, será dado o apito inicial. Enfim: o começo.

Desde que a Administração Lula, ainda no exercício do cargo, insistiu junto à FIFA para sediar a Copa do Mundo de 2014, passaram-se alguns anos. Parece que foi ontem. No início ninguém se preocupou com a organização, com custos e com as eventuais revezes. Afinal, ainda estava tão longe o sonho de sediar uma competição da espécie no Brasil, passadas mais de seis décadas daquela lamentável derrota, em pleno Maracanã, na partida final. Verdade que os “hermanos” uruguaios são de raça forte. Descendentes de espanhóis. Mas, quem tinha medo deles? Especialmente tendo no time um jogador como DIDI. Todavia, perdemos. O maior sonho brasileiro foi por água abaixo. Literalmente, pelos rios de lágrimas choradas na época.

            Assim o Uruguai foi o primeiro campeão da “Julius Rimet”, na primeira disputa internacional em 1930. Depois de duas Copas vencidas pela Itália – 1934 e 1938 – houve uma interrupção de 12 anos, face a Segunda Guerra Mundial. Em 1950 reiniciou tudo. Quem pensaria que 20 anos depois o Uruguai ainda teria raça para vencer? Mas ganhou. Assim, tivemos que esperar, ainda, pela vitória alemã de 1954 para, para com o maior time que o Brasil já teve até hoje, vencer a Suécia na última partida, em seu País, em 1958. Revidamos, então, o que aqui acontecera em 1950.

            Daí em diante se sabe: passamos a ser o País do futebol. Bi campeão em 1962, uma trégua em 1966 e o tricampeonato veio em 1970. Como lembrei no artigo anterior, naquela época eram “setenta milhões em ação; salve a seleção”. Agora somos 190 milhões. Mas, diferente de todas as outras cinco vezes, nesta Copa existem manifestações contrárias. Antagonismo às anteriores, quando todo o mundo era a favor. E o Brasil sonhava, outra vez, sediar.

            Explicações existem. São interpretações do “desencanto nacional” com tudo que já prometeram no País. Saúde para todos, mas não tem. Casa para todos, mas não conseguiram. Terra para todos, o que continua na espera. Emprego e educação para todos. Tudo incompleto. Segurança não existe. A saúde está precária. Os empregos faltando. Reforma agrária emperrada. E, aliás, os assentamentos efetuados deram em nada que preste. A educação, em tese, é uma das únicas boas coisas que se tem à disposição. O que precisa melhorar é o salário dos professores. Estes continuam esquecidos.

            Bem, mas o apito foi dado. Por alguns dias seremos a atenção do Mundo inteiro. Na mídia internacional 24 horas por dia. É preciso que se mostre aos estrangeiros que, a despeito de “mensalões, CPI da Petrobrás”, e outros problemas de corrupção governamental, além de obras inacabadas e muitas promessas à FIFA que nem saíram do papel, como linhas especiais de transportes, nosso País tem povo estruturado para receber os estrangeiros. E garra para derrotá-los no gramado.


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