Por Nelson Egon Geiger
Advogado
No último dia 08 faleceu o ex
Prefeito Hilson Scherer Dias. A
menos de um mês para completar 89 anos de idade. Em razão de sua trajetória
política, ceifada pelo Regime Militar de 1964, que impiedosamente cassou seu
mandato legitimamente conquistado no voto na eleição Municipal de 1963.
Hilson na época integrava o PTB antigo,
fundado por Getúlio Vargas em 1946. Na época, ainda jovem, integrou-se ao
Partido pelo qual foi Vereador em dois mandatos. Liderança local da sigla tinha
contato direto com os líderes maiores, após a morte de Getúlio: João Goulart e
Leonel Brizola.
Quando
o último ascendeu ao Governo do Estado, Hilson
foi integrante do seu Gabinete. Nessa condição concorreu para Deputado
Estadual na eleição de 1962. Egydio Michaelsen concorria para Governador com o
apoio de Brizola, na coligação PTB / PSP. Nenhum dos dois se elegeu. Com
expressiva votação Hilson ficou em
boa suplência da Bancada estadual do PTB.
O
novo governo gaúcho era adversário, pois venceu Ildo Meneghetti pela coligação
PSD / PL / UDN. Hilson Dias retornou
para Camaquã e assumiu o cinema Guarany da família, ao lado da atual Farmácia
Panvel. Em 1963, escolhido pelo Partido concorreu à Prefeitura em dobradinha
com Amarílio Borges Moreira, vencendo
Silvio Luiz Pereira da Silva e Caro
Mendes, que tinham o apoio de grande e poderosa coligação de partidos. Tanto
que a campanha era chamada de “tostão contra
o milhão”, da qual participei.
Na
época o voto era desvinculado. Hilson ganhou
com uma diferença de quase quinhentos votos; Amarílio por apenas 76. Confirmados pela Justiça Eleitoral foram
empossados em 31 de janeiro de 1964.
Antes
da posse Hilson foi a Brasília, uma
cidade com três anos de existência, em busca de verbas para imprimir sua
administração. Embora com trânsito nos gabinetes do Governo Federal, então sob
comando de João Goulart não chegou a
obter o resultado da viajem, eis que sobreveio o Golpe Militar de 31 de março,
que cassou Jango no dia 02 de abril
e Hilson no dia 16 daquele mês. Seu
crime político: apenas ter vencido uma oligarquia que se considerava imbatível,
posto que Hilson não praticou nenhum
ato ostensivo que pudesse ferir os brios da chamada Revolução.
Com
seu afastamento arbitrário da vida pública, dedicou-se aos negócios com seu
novo e grande cinema, defronte ao Banco do Brasil, hoje Banrisul. Com a anistia
de 1979 voltou para o cenário político e concorreu a Prefeito em 1982, sem
obter sucesso. Idealista e sempre conhecedor da política brasileira era um bom “papo”. Tivermos muitas tertúlias sempre
elucidativas. Homem idealista. Devorava livros. Sempre atualizado nas notícias.
Merece o reconhecimento da terra que sempre amou. Com sua morte, apenas estão
vivos seis ex Prefeitos: Amarílio Borges Moreira, Egydio Alfredo Schlabitz,
Marco Aurélio Pereira, Hermes Rocha, João Carlos Machado (também atual) e
Ernesto Molon, pela ordem. Minha homenagem aos familiares de Hilson Dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário