domingo, 23 de fevereiro de 2014

TRIBUTO A HILSON SCHERER DIAS




Por Nelson Egon Geiger
Advogado

No último dia 08 faleceu o ex Prefeito Hilson Scherer Dias. A menos de um mês para completar 89 anos de idade. Em razão de sua trajetória política, ceifada pelo Regime Militar de 1964, que impiedosamente cassou seu mandato legitimamente conquistado no voto na eleição Municipal de 1963.

Hilson na época integrava o PTB antigo, fundado por Getúlio Vargas em 1946. Na época, ainda jovem, integrou-se ao Partido pelo qual foi Vereador em dois mandatos. Liderança local da sigla tinha contato direto com os líderes maiores, após a morte de Getúlio: João Goulart e Leonel Brizola.

Quando o último ascendeu ao Governo do Estado, Hilson foi integrante do seu Gabinete. Nessa condição concorreu para Deputado Estadual na eleição de 1962. Egydio Michaelsen concorria para Governador com o apoio de Brizola, na coligação PTB / PSP. Nenhum dos dois se elegeu. Com expressiva votação Hilson ficou em boa suplência da Bancada estadual do PTB.

O novo governo gaúcho era adversário, pois venceu Ildo Meneghetti pela coligação PSD / PL / UDN. Hilson Dias retornou para Camaquã e assumiu o cinema Guarany da família, ao lado da atual Farmácia Panvel. Em 1963, escolhido pelo Partido concorreu à Prefeitura em dobradinha com Amarílio Borges Moreira, vencendo Silvio Luiz Pereira da Silva e Caro Mendes, que tinham o apoio de grande e poderosa coligação de partidos. Tanto que a campanha era chamada de “tostão contra o milhão”, da qual participei.

Na época o voto era desvinculado. Hilson ganhou com uma diferença de quase quinhentos votos; Amarílio por apenas 76. Confirmados pela Justiça Eleitoral foram empossados em 31 de janeiro de 1964.

Antes da posse Hilson foi a Brasília, uma cidade com três anos de existência, em busca de verbas para imprimir sua administração. Embora com trânsito nos gabinetes do Governo Federal, então sob comando de João Goulart não chegou a obter o resultado da viajem, eis que sobreveio o Golpe Militar de 31 de março, que cassou Jango no dia 02 de abril e Hilson no dia 16 daquele mês. Seu crime político: apenas ter vencido uma oligarquia que se considerava imbatível, posto que Hilson não praticou nenhum ato ostensivo que pudesse ferir os brios da chamada Revolução.

Com seu afastamento arbitrário da vida pública, dedicou-se aos negócios com seu novo e grande cinema, defronte ao Banco do Brasil, hoje Banrisul. Com a anistia de 1979 voltou para o cenário político e concorreu a Prefeito em 1982, sem obter sucesso. Idealista e sempre conhecedor da política brasileira era um bom “papo”. Tivermos muitas tertúlias sempre elucidativas. Homem idealista. Devorava livros. Sempre atualizado nas notícias. Merece o reconhecimento da terra que sempre amou. Com sua morte, apenas estão vivos seis ex Prefeitos: Amarílio Borges Moreira, Egydio Alfredo Schlabitz, Marco Aurélio Pereira, Hermes Rocha, João Carlos Machado (também atual) e Ernesto Molon, pela ordem. Minha homenagem aos familiares de Hilson Dias.

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