Nelson Egon Geiger
Advogado
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As emendas
parlamentares ao orçamento, tanto no caso da União como dos Estados são
previstas nas respectivas Constituições. Na Carta Magna o processo orçamentário
é regulado nos arts. 163 a
169. As emendas apresentadas por parlamentares ao orçamento e relativas a obras
e outras despesas de conta do Governo não são novidades. Também existem em
outros países. Especialmente no sistema parlamentarista.
Esse tipo
de emenda ao orçamento tem um lado positivo. Deputados e Senadores inserem no
orçamento verbas que se destinam à suas regiões. Com isso ficam bem com os
eleitores. E favorecem locais que, caso ficasse apenas por conta do Governo,
poderiam não ser contemplados para construções, reformas e estradas por muito
tempo.
Até aí,
nada de mais. Especialmente se todos os parlamentares que apresentassem emendas
tivessem resultado com as mesmas. Ou seja, ver a destinação de seu trabalho
parlamentar garantido.
Mas, isso
não ocorre assim. Acontece que o Governo, necessitando de apoio legislativo,
culmina em atender às emendas dos parlamentares que fazem parte da sustentação
do Executivo e abandonam as emendas que sejam apresentadas pelos parlamentares
da oposição.
Resulta um
processo de barganha. Em outras palavras: o Executivo necessita aprovar medidas
de seu interesse e atende aos seus aliados. E a outros que se dispõe em votar
favorável ao Executivo. O resto que se dane.
Desta
forma, regiões que não elegeram parlamentares vinculados ao Governo Federal
executivo, ficam a ver navios. Estados, como o nosso, onde o número de
Deputados oposicionistas é grande, terminam em ver seus anseios de obras
públicas não se realizar. Ou levar muito tempo. Isso porquanto o Executivo não
tem obrigação legal de atender as emendas orçamentárias de iniciativa do Poder
legislativo.
Agora o
Congresso está se movimentando para garantir que essas emendas, meramente
sugestivas, passem a ser impositivas. Ou seja: que as emendas apresentadas
dentro das regras e prazos constitucionais sejam obrigatórias. Fazendo com que
o Governo Executivo tenha que as atender. Quando apresentadas dentro das
condições orçamentárias.
O Governo
Federal está se movimentando para impedir que tal seja inserido nas regras
constitucionais, a fim de manter seu poder de barganha no Legislativo. Eu
entendo que a modificação é salutar, pois não vai interessar de quem venha a
proposta. Sim de que seja apresentada dentro das regras exigíveis e possíveis de
ser cumpridas pelo orçamento. Com isso, qualquer que seja o Partido que está no
Governo, tem de atender a todos. Não apenas os “amigos do rei”. Não é verdade?
(Publicado também no jornal A Tribuna Centro Sul – Edição de 09 de agosto de 2013)
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