Por Nelson Geiger
Advogado
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Espalham-se manifestações das mais diversas ordens pelo País
afora. Em Porto Alegre
e São Paulo, contrárias aos aumentos do preço das passagens dos coletivos. No
Rio, contra a Copa das Confederações, motivo que não se entende. E até grande
ensaio de vaias para a Presidente da República.
Existe um cheiro no ar de insatisfação popular. Talvez
decorrente do medo de retorno da inflação, embora as insistentes garantias
governamentais de que esse perigo não acontece e que a estabilidade econômica
permanece. Todavia, o dólar continua aumentando seu valor, mesmo em pequena
monta, quase todos os dias. Chegando ao seu maior patamar desde 2008.
É certo que, em democracia, protestos populares são
admissíveis. Mas eles não vêm por nada. Não os vejo no Canadá, na Suécia ou na
Austrália. Mas estão por aí espalhados na Grécia, na Turquia e na Espanha.
Nesses têm ocorrido desemprego em grande escala, perda da estabilidade
monetária e governamental. E aqui, o que estará acontecendo?
Ora, quase todos os meses o Governo brasileiro lança medidas
paliativas em favor dos menos privilegiados, criando bolsas de ajuda de toda
espécie. Agora, para os que ganharam financiamento do programa “Minha Casa, Minha Vida”, também foi
lançado uma ajuda para “mobiliar” as
residências.
Com juros moderados de 5% ao ano e prazo de carência.
Melhor, é claro, que financiamentos comerciais com os bancos próprios que
incluem taxas elevadíssimas. Mas que, mesmo assim, cria um endividamento que,
mais além vai influir na economia interna. Cedo ou tarde alguém terá de pagar
essa conta.
Mesmo com essas benesses governamentais, os protestos
populares aconteceram. Demonstrando uma insatisfação crescente que pode se
transformar em possível efeito dominó, para prejuízo final de toda nação.
Com isso, a imprensa acaba se esquecendo dos “mensalões”
e “escritórios
de representações do Planalto nos estados”. Não mais lembrando José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e
Rosemary Novoa Noronha. Pessoas que, misturando seu partido com os negócios
do Governo, acabaram por tirarem proveito próprio. E sem juro algum. Nem mesmo
de 5% ao ano. E isso já está sendo lembrado nos protestos.
Aliás, ainda que condenados no STF por corrupção e formação
de quadrilha, aqueles não foram presos. E a última ainda está em fase
investigativa, embora já demitida do cargo. Mas o povo começou a mencionar que “o
governo está gastando nosso dinheiro de forma irresponsável”. E o povo
não quer isso. Não tolera mais os corruptos. Nem os amigos deles. Collor caiu
por muito menos. Está na hora da Presidente se desvencilhar da “turminha do Lula” e cuidar com
seriedade do Governo. Ou não vai se reeleger.
(Publicado originalmente no Jornal Tribuna Centro Sul, edição de 21 e junho de 2013)
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