sábado, 20 de julho de 2013

OS PROTESTOS


Por Nelson Geiger
Advogado
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Espalham-se manifestações das mais diversas ordens pelo País afora. Em Porto Alegre e São Paulo, contrárias aos aumentos do preço das passagens dos coletivos. No Rio, contra a Copa das Confederações, motivo que não se entende. E até grande ensaio de vaias para a Presidente da República.

Existe um cheiro no ar de insatisfação popular. Talvez decorrente do medo de retorno da inflação, embora as insistentes garantias governamentais de que esse perigo não acontece e que a estabilidade econômica permanece. Todavia, o dólar continua aumentando seu valor, mesmo em pequena monta, quase todos os dias. Chegando ao seu maior patamar desde 2008.

É certo que, em democracia, protestos populares são admissíveis. Mas eles não vêm por nada. Não os vejo no Canadá, na Suécia ou na Austrália. Mas estão por aí espalhados na Grécia, na Turquia e na Espanha. Nesses têm ocorrido desemprego em grande escala, perda da estabilidade monetária e governamental. E aqui, o que estará acontecendo?

Ora, quase todos os meses o Governo brasileiro lança medidas paliativas em favor dos menos privilegiados, criando bolsas de ajuda de toda espécie. Agora, para os que ganharam financiamento do programa “Minha Casa, Minha Vida”, também foi lançado uma ajuda para “mobiliar” as residências.

Com juros moderados de 5% ao ano e prazo de carência. Melhor, é claro, que financiamentos comerciais com os bancos próprios que incluem taxas elevadíssimas. Mas que, mesmo assim, cria um endividamento que, mais além vai influir na economia interna. Cedo ou tarde alguém terá de pagar essa conta.

Mesmo com essas benesses governamentais, os protestos populares aconteceram. Demonstrando uma insatisfação crescente que pode se transformar em possível efeito dominó, para prejuízo final de toda nação.

Com isso, a imprensa acaba se esquecendo dos “mensalões” e “escritórios de representações do Planalto nos estados”. Não mais lembrando José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Rosemary Novoa Noronha. Pessoas que, misturando seu partido com os negócios do Governo, acabaram por tirarem proveito próprio. E sem juro algum. Nem mesmo de 5% ao ano. E isso já está sendo lembrado nos protestos.

Aliás, ainda que condenados no STF por corrupção e formação de quadrilha, aqueles não foram presos. E a última ainda está em fase investigativa, embora já demitida do cargo. Mas o povo começou a mencionar que “o governo está gastando nosso dinheiro de forma irresponsável”. E o povo não quer isso. Não tolera mais os corruptos. Nem os amigos deles. Collor caiu por muito menos. Está na hora da Presidente se desvencilhar da “turminha do Lula” e cuidar com seriedade do Governo. Ou não vai se reeleger.



(Publicado originalmente no Jornal Tribuna Centro Sul, edição de 21 e junho de 2013) 

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