Entrevista com Cláudio
Lesnik, prefeito de Dom Feliciano
Uma
semana depois de ter seu registro eleitoral impugnado e o seu mandato cassado
pela Justiça da 12ª Zona Eleitoral, o prefeito de Dom Feliciano, Cláudio Lesnik
(PSDB) fez um desabafo em entrevista a este jornalista.
Eleito
em outubro de 2012, com 51, 3% dos votos, o tucano foi denunciado pelo
Ministério Público Eleitoral (MPE), que entendeu que ele levara vantagem
política com a repercussão de uma série
de audiências públicas promovida pela Câmara de Vereadores no período eleitoral.
Isso teria desgastado o seu principal adversário: o então prefeito Clênio
Boeira (PT -45,4% dos votos). A visão foi compartilhada a acatada pela Justiça,
que optou pela sua cassação. Uma liminar, entretanto, garantiu a permanência do
prefeito eleito no cargo, até que se esgotem os recursos.
Nesta
entrevista, cujo áudio foi reproduzido pela Rádio Camaquense, Lesnik diz que
respeita a decisão, mas que irá até o fim para provar sua inocência.
Blog- O que houve,
prefeito?
Cláudio Lesnik – Tudo começou com
o ex-prefeito Clênio enviando um projeto
polêmico para Câmara de Vereadores. Encaminhado por ele e avalizado pelo MDA.
Por que polêmico? Porque era de arrepiar mesmo. Quem lesse sua justificativa (que tinha em seu bojo a troca do fumo por
outras culturas), condenando fumo, não passaria mais nem perto duma
lavoura.
Bom,
ai os vereadores, de acordo com a lei, promoveram a discussão desta matéria com
a realização de cinco audiências públicas com a comunidade. Ao ver o erro que
tinha cometido, o prefeito retirou o projeto, mas já era tarde. Os vereadores
continuaram discutindo.
Blog
- Pois é, o MP Eleitoral diz que houve exploração política disso. O senhor fez
algum tipo de articulação com os seus aliados?
CL-
Nada, nada, nada. Para minha surpresa, ao final do ano passado, o Ministério
Público denunciou três vereadores, eu e meu vice Ademar (Ademar Hugo –PMDB). Mas o que me surpreende mesmo é o fato de o MP
ter denunciado apenas três dos vereadores se os nove estavam lá. Outra coisa:
entre os que que participaram ativamente de todos os debates esteve o vereador
petista Márcio Rosiak. Este vereador aumentou sua votação e a ele nada
aconteceu. O que pergunto é: afinal, qual é
o critério?
Blog
- Mas o senhor não acha que as discussões desgastaram o então prefeito?
CL
- Olha, o que eu acho ou não é secundário nesse caso, só digo que cada um deve
responder pelos seus atos. O fato é que a Justiça achou que eu e meu vice Ademar
nos beneficiando com uma iniciativa que não foi nossa, tampouco sua
repercussão. Respeitamos essa decisão, mas não concordamos de forma alguma. Agora,
olhem só uma coisa: o prefeito tinha o poder na mão, a rádio (Comunitária) é
deles (Lesnik se refere ao PT) e eu é que sou beneficiado. Um funcionário
público como eu, com pouca estrutura, sem dinheiro para campanha, disputa uma
eleição com o prefeito e toda a máquina pública trabalhando naturalmente ao seu
favor, e é eu que tenho vantagem? Pelo amor de Deus, né!
Blog
- Como o senhor se sente com isso?
CL-
O que mais me entristece é que eu não cometi crime algum, nem leve nem grave.
Nada. Sou um homem simples, mas antes de tudo, honesto. Mas o que sinto mesmo é
pelo município. O povo fica em polvorosa depois de uma notícia dessas. O
pessoal fica preocupado mesmo com o que vai acontecer. Minha cidade está triste
e isso não é bom de se ver.
Blog
- E agora?
CL
- Agora é preparar nossa defesa e aguardar a decisão do recurso por parte do
Tribunal Regional (Eleitoral). Creio que ai já seremos absolvidos, mas se
precisar vamos até o fim para provar que somos inocentes. Enquanto isso, vamos trabalhar por Dom
Feliciano, que é o melhor que sei fazer.
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