segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Postura e futuro

Ouvi a entrevista dada no último sábado, 19, pelo petista José Carlos Copes, candidato a prefeito derrotado nas urnas em outubro. Copes foi vereador na legislatura mais recente da Câmara local. Um vereador diferenciado, diga-se: antenado e estudioso das leis e projetos. Na entrevista concedida ao comunicador Alvorino Oswaldt, Copes reconheceu a decisão das urnas e seguindo o protocolo destes casos, prometeu continuar trabalhando pelo município, pois o seu partido é Camaquã. Copes é um bom político, um dos melhores em atividade por aqui. É hábil nas palavras, sensato nas análises e consegue controlar seus impulsos, mesmo que por dentro esteja se remoendo. E tenta sempre passar a sensação de equilíbrio ao seu interlocutor ou à sua audiência. Não é à toa que chegou perto de ser prefeito no ano passado. Na campanha foi astuto e soube explorar eficazmente as fragilidades dos adversários.

Na entrevista de sábado, porém, dois trechos de sua fala merecem ser destacados. O primeiro foi quando ele contrapôs sua resignação com o resultado a sua real esperança de vir a se tornar o prefeito de Camaquã, a partir de uma eventual cassação de João Carlos Machado. O outro trecho que me fez pensar foi quando classificou sua campanha como “modesta”, se comparada a do adversário. Ele se referia à questão financeira. Sobre o primeiro ponto, por mais que se compreenda a intenção de Copes em manter acesa a chama da militância e dos descontentes com a administração que saiu – e cujo sucessor é da mesma etnia política -, é temerário promover a nutrição de expectativas em cima de algo aleatório e insuficientemente palpável. Não irei aqui entrar no mérito do conteúdo das denúncias feitas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) contra a coligação governista, mas até onde se sabe não há nada tão explosivo, de tão grave ao ponto de mandar um prefeito eleito para casa. Se assim fosse, uma decisão judicial seria imediatamente tomada, antes mesmo de sua posse. Mas isso é outra história e faz parte do jogo institucional: a Promotoria investiga e acusa. Depois, cabe à Justiça definir se tais denúncias lesaram ou não o processo.

Já sobre a comparação feita pelo candidato entre as campanhas, cabe dizer que não foi bem assim. O PT fez uma campanha vistosa, não deixando nada a desejar para os adversários. Se pegarmos como exemplo apenas o aspecto visual da corrida eleitoral, vimos que a campanha de Copes não teve nada de “modesta”, já que os canteiros das principais ruas e avenidas foram tomados pela estrela vermelha e pelas fotos do ex-vereador e do seu vice. Ao cidadão José Carlos Copes cabe todo o direito de extravasar seus conceitos e sentimentos. E eles devem ser respeitados. O problema é que Copes, agora, não é mais um dos 10 ou 15 membros da Câmara Legislativa, um militante apaixonado ou um comentarista despretensioso de rádio. Copes é um quase eleito prefeito. Depois desta campanha, cujo desempenho foi infinitamente superior aos dos candidatos apoiados por ele nas eleições passadas, o agrônomo Copes é agora a principal referência da oposição de uma cidade de 70 mil habitantes. Copes trouxe qualidade ao debate político o qual passava por um longo período de estiagem de ideias. Recebeu como prêmio uma extraordinária votação.

  "A postura de Copes, agora e daqui para frente, definirá suas chances" 

  Os próximos três anos e meio serão cruciais para o futuro político do ex-vereador, cujo sonho é declarado: ser prefeito de sua cidade. Verdade que muita coisa pode acontecer até 2016, mas desde já seu nome é o preferencial para concorrer novamente pelos partidos adversários ao atual governo municipal. Será um período, acima de tudo de observação. A postura de Copes, agora e daqui para frente, definirá suas chances. O certo é que continuar sobre o palanque, vinculando uma sonhada posse a qualquer decisão que não seja a democrática, fazendo apologia a incertezas e à instabilidade político-institucional não é nada aconselhável para quem quer ir adiante, para quem quer um dia ser o chefe político de um município como Camaquã.

Um comentário:

  1. Copes deve cuidar sua postura se quiser ser prefeito de Camaquã e JCM deve mostrar realmente serviço se quiser colocar um sucessor seu na Prefeitura, ou seja, tanto um quanto outro estão sob os olhares atentos dos camaquenses.

    ResponderExcluir

Leg