quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Múltiplas vítimas

A Justiça sempre precisa ser aplicada. Ponto! Mas independentemente de quem ela puna ou beneficie, eu fico pensando quantas vítimas indiretas um único erro humano fabrica. Ontem, foi julgado e condenado um moço de Camaquã a oito anos de reclusão por um acidente provocado por ele em 2008, no Centro de Camaquã, do qual resultou a morte de um menino de 15 anos.

Que dor essa mãe, esse pai desse guri que faleceu sentiu e ainda sente. Assim a maioria, nem imagino como seja a espada de uma perda como essa fincada no lombo, queimando incessantemente. O desaparecimento de um filho por si só é o imponderável. Quando acontece de forma abrupta, estúpida e precoce é natural que se busque de qualquer forma uma compensação. O estabelecimento da justiça, com a punição exemplar a quem provoca a dor, é o alívio mais imediato, é o elemento chave para quem sofre um dia se resigne.

Mas também penso no outro lado. Eu não conheço esse rapaz que ontem foi condenado, acho que nunca falei com ele. Mas honestamente, me compadeço com a situação. Imaginem o que deve ser ter que viver com uma culpa dessas por quatro anos. E serão mais outros tantos anos assim. E fico pensando: esse eterno martírio já não puniu esse rapaz?  Longe de mim querer questionar as razões e os prazos de uma decisão judicial que leva em conta todos esses ingredientes. Aliás, num caso desses em que não estamos falando de um bandido mau, de um assassino,  não deve ser fácil para um magistrado estabelecer a pena.
E fico imaginando também como deva estar se sentindo os pais desse rapaz. São pessoas boas, gente trabalhadora também, e pelo que me consta sempre foram retos em suas posturas.

Quantas vidas e sonhos um ato impensado desses e suas consequências atinge? Quantas trajetórias são modificadas? Perdem todos. Paralelamente, uma parte da torcida se agita nas arquibancadas da Arena, num impulso coletivo de sadismo medieval. Infelizmente.           

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