segunda-feira, 23 de julho de 2012

A lição da última rodada

Dizem que a vitória tem muitos pais e a derrota é órfã. Não seria diferente se tivesse, ontem, o Guarany se classificado e muitos serem homenageados. Seria justo, pois o projeto Guarany envolve, antes de mais nada, um esforço coletivo. Mas perdeu, não subiu e a máxima também vale. É compreensível até, nesse momento, colocar toda a culpa da desclassificação de ontem na conta do Esportivo, de Bento Gonçalves, mas deve valer a advertência: é temerário, pode até ser injusto.

Indigna que o Esportivo, ontem, tenha entrado com um time reserva, num jogo cujo um mal resultado significaria (como significou) a nossa não ascensão de divisão, indigna sim. Desde ontem após a rodada a gente vê uma enxurrada de manifestações na rádio, nas redes sociais, nos sites, demonstrando isso, demonstrando essa revolta que se instalou desde ontem.

É verdade que o esportivo facilitou? Disso restam poucas dúvidas e indícios não faltam. Jogar com time meia boca, atrasar o início de jogo ou pelo menos ser conivente com isso. Enfim, as suspeitas são robustas de itens.

O temerário que me refiro é colocar toda a culpa pela nossa frustração no Esportivo, somente no Esportivo. O Guarany não deixou de se classificar ontem. Até porque ontem ganhou jogando bem e com autoridade. E um detalhe: fora de casa. Um empate cedido aos 46 do segundo tempo contra o mesmo União, em casa, na abertura do quadrangular, o desperdício de uma chance escancarada de vencer o Passo Fundo no Vermelhão da Serra, a derrota contra o próprio Esportivo, no Silvio Luis. São momentos capitais que fizeram o Guarany chegar a última rodada dependente de um resultado paralelo. Teria o Guarany ao menos empatado com o Esportivo em casa, teríamos um ponto a mais e não tinha arranjo nenhum que se fizesse.

Mas condicionantes pretéritas não possuem valor no futebol. E no campo, o Guarany teve tudo para chegar lá. Não chegou porque nas rodadas anteriores não foi bem como ontem. E outra: nem se pode ousar em falar de má arbitragem. Definitivamente, neste ponto, o clube de Camaquã não foi prejudicado, com a exceção de uma ou lá que outra situação. Mas nada que tenha comprometido o contexto.

Entretanto, é absolutamente necessário não se fazer terra arrasada, agora. O Guarany perdeu a classificação, mas perdeu pé. Fez uma campanha magnífica, de gente grande. Foi o terceiro melhor de 20 times que começaram a divisão de acesso. E esta condição tem que ser explorada. Primeiro para a Copinha, a qual começa a jogar no próximo dia 9. Depois, para mais uma vez tentar subir.

O Guarany não é mais uma zebra no futebol profissional do Estado. É sim uma realidade que os adversários respeitam. A vitória de 2 x 1 ontem, numa Frederico Wesphalen empolgada, num estádio lotado, que já comemorava a classificação antes do jogo, foi uma prova deste respeito adquirido.

Agora, entre estar na primeira divisão e ter um presidente frouxo - caso do presidente do Esportivo, que veio aqui e tremia como vara verde entre seguranças - e um técnico pelego ( que escalou um time para perder) –; e continuar na Segundona, mas com uma diretoria íntegra e um técnico de personalidade e profissional, eu não tenho dúvida: prefiro a segunda opção. Mas o mundo dá voltas. As lições deste ano não serão mais esquecidas e elas nos farão maiores ali adiante.      


 

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